Ubatuba – Um pouco de sua história

Ubatuba – Um pouco de sua história

Ubatuba foi a nona cidade a ser fundada no Estado de São Paulo, e seus primeiros habitantes, os índios guerreiros Tupinambás, a chamavam de Iperoig que tem duas traduções possíveis, pode ser uma corruptela de Ypirú-yg (o rio do tubarão), mas pode também ser uma corruptela da locução iperó-yg (rio das perobas), que são árvores da Mata Atlântica.

Portal de Ubatuba na divisa com Caraguatatuba
Portal de Ubatuba na divisa com Caraguatatuba

A língua dos índios tupinambás, ficou registrada em nomes de ruas, praias e bairros de nossa cidade. Há três versões aceitas para o nome de Ubatuba:
1ª – A origem dessa palavra é corrupção de vocabulário indígenas: IBATYBA – sitio abundante de ubas, cana silvestre (apontamento histórico de Manuel Eufrásio de Azevedo Marques). Segundo outros provem de dois vocabulários – TUBA – muitos, ubá – arcos.
Segundo Plinio Airosa em “Primeiras Noções de Tupi” – Ubatuba vem de uyba-tuba – local em que nascem, onde há abundância de caniços de flechas.
2ª – uba> canoa + tuba> muitas = lugar de muitas canoas.
3ª – Segundo o Dicionário Geográfico da Província de São Paulo. do Dr. João Mendes de Almeida página 261: Ubatuba – corruptela de Ybiy-atu-bae, Ybiy= baixa, atu= curta, com a partícula bae (breve) para formar particípio significando “o que é” Ubatuba: ser pequena e rasa.

Ubatuba e seus limites – Imagem do Google Maps

Muitos personagens da história do Brasil conviveram em suas terras, como o Padre José de Anchieta (que se tornou prisioneiro dos índios), Padre Manoel da Nóbrega, cacique Cunhambebe, entre outros, no episódio da Confederação dos Tamoios. A cidade teve papel importante nos ciclos econômicos do Brasil, sendo considerada o segundo porto de embarque do ouro de Minas Gerais para Portugal, e no ciclo da cana-de-açúcar alcançou grande prosperidade, chegando a ultrapassar o Porto de Santos na exportação do café para o mundo.

A história de Ubatuba é mais antiga do que se pensava até há pouco tempo, pois pesquisas arqueológicas, realizadas na Ilha do Mar Virado e na Praia do Tenório, comprovaram que os primeiros habitantes de Ubatuba pertenciam a uma etnia indígena, que os arqueólogos chamam de “homens pescadores e coletores do litoral”, que ocuparam a região por volta do primeiro século da Era Cristã, muito antes da chegada dos tamoios e dos tupinambás, sociedades indígenas do tronco linguístico tupi que dominaram grande parte do litoral brasileiro por centenas de anos.

Na história colonial do nosso país, Ubatuba se destaca por um fato que se tornou preponderante para a unidade nacional. Tal episódio, que ficou conhecido como a “A Paz de Iperoig”, contribuiu, de forma inequívoca, para evitar que o Brasil fosse dividido em três regiões distintas, com os extremos norte e sul católicos, falando a língua portuguesa e rezando pelo catecismo de Roma, e o centro, calvinista e de língua francesa (A França Antártica).

EXPEDIÇÃO PACIFICADORA
Ubatuba surgiu da aldeia tupinambá de Iperoig (Ypiru-yg = rio das perobas), região rica de boa madeira para embarcações, das quais, os índios eram habilíssimos canoeiros e construíam grandes canoas de capacidade para até 60 pessoas, e como nadadores exímios, chegavam a nadar quilômetros ao encontro das embarcações que vinham para negociar, em primeira mão o produto pau-brasil. Ubatuba era o quartel general da nação tupinambá e o domínio desta nação indígena, se estendia desde o rio Juqueriquerê, em Caraguatatuba, até o Cabo de São Tomé, próximo ao Espírito Santo. Faziam divisa com o povo tupiniquim ao sul, e ambos viviam em paz até a chegada dos exploradores europeus (de Portugal e França) que os instigaram a lutar pelos interesses colonialista, mercantilista e escravagista.

Cunhambebe
Cacique Cunhambebe da nação tupinambá – Ilustração

Os índios que pertenciam à tribo tupinambá, do grupo tupi, habitavam todo o litoral brasileiro e falavam a língua tupi-guarani. Durante muitos anos foram considerados ferozes e agressivos mas a posição das suas aldeias no alto dos morros ou à margem dos rios, demonstrava sua preocupação com a defesa e não com o ataque. Os franceses mantinham relações de escambo com os tupinambás, e os incitaram contra os portugueses. Os portugueses mantinham relações de escambo com os tupiniquins e procuravam escravizar os tupinambás.

A PAZ DE IPEROIG
Após sucessivas desavenças entre os Tupinambás e os portugueses, os jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta decidiram procurar os indígenas em seu próprio reduto (em Iperoig) a fim de tentar uma paz duradoura. Depois de Hans Staden, foram estes padres, os primeiros brancos a visitar o importante aldeamento tamoio. Não confiando nas propostas dos jesuítas, os indígenas mantiveram Anchieta como refém, enquanto Nóbrega seguiria para a cidade de Santos, acompanhado de alguns selvagens, para negociar o armistício. Foi durante o cativeiro que Anchieta escreveu, nas areias da praia, os 5.732 versos do seu Poema à Virgem.

Padre Anchieta escrevendo o poema na Praia de Iperoig
Homenagem ao Padre Anchieta escrevendo o poema na Praia de Iperoig

A Paz  de Iperoig, conhecida como a pacificação dos tamoios, foi assinada pelos portugueses e os índios em 14 de setembro de 1563, e uma cruz assinala, hoje, na Praia do Cruzeiro, o local do acontecimento. Este tratado, teve como causa indireta, a expulsão dos franceses, a fundação do Rio de Janeiro e consequentemente da manutenção da integridade territorial do Brasil. A participação decisiva destes padres jesuítas, na negociação da paz com as tribos que integravam a Confederação dos Tamoios, explica, e mais do que justifica a legenda “Conservou a Unidade da Pátria e da Fé”, gravada em latim no brasão de armas de Ubatuba.

COLONIZAÇÃO
Por volta de 1600, com a ocupação dos portugueses, após o Tratado de Paz com os índios tupinambás, a Aldeia de Iperoig despertou o interesse dos europeus, porém passou por um processo de ocupação totalmente diferente daquele que tiveram Caraguatatuba, Ilhabela e São Sebastião. Ao contrário dessas três cidades, que pertenceram originalmente ao território da Vila do Porto de Santos, Iperoig (Ubatuba) teve todo o seu processo de colonização ligado ao Rio de Janeiro, sendo o responsável pela fundação de Ubatuba, o governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá e Benevides (Visconde de Asseca), sobrinho neto de Mem de Sá.

Para viabilizar a ereção da Iperoig à vila, Sá e Benevides destacou o nobre português, açoriano, Jordão Albernaz Homem da Costa, cuja família, até então, estava envolvida no cultivo de cana-de-açúcar no Rio de Janeiro. Sobre o local que, no passado, abrigara a Aldeia de Iperoig, Homem da Costa tratou de providenciar as condições mínimas exigidas à época pela Coroa Portuguesa para que o pequeno povoado ali existente pudesse ser elevado à condição de vila. Dentre essas condições estava a construção da câmara, da cadeia e da igreja.

Gravura do Museu Histórico de Ubatuba
Gravura do Museu Histórico de Ubatuba – Imagem extraída de www.cidadeecultura.com.br

UBATUBA ELEVADA À VILA
O local escolhido, foi a área de planície, estrategicamente localizada na Enseada de Ubatuba, abrigada de grandes ondas e também dos ventos fortes. Estes foram os mesmos motivos que induziram os indígenas a estabelecerem, neste local, sua aldeia. Concluídas as obras, a oficialização da ereção daquela que seria, pela ordem cronológica, a nona Vila da Capitania de São Vicente, foi determinada por Sá Benevides através de provisão datada de 28 de outubro de 1637, recebendo a denominação de Vila Nova da Exaltação da Santa Cruz do Salvador de Ubatuba.

A ereção da nova Vila, que teve Homem da Costa como primeiro capitão-mor e ouvidor, ocorreu logo no ano em que Sá Benevides assumiu o primeiro de seus três mandatos como governador geral da Capitania do Rio de Janeiro. No início, a vila pertencia à jurisdição do Rio de Janeiro, até que uma ordem do rei subordinou-a à sessão norte da Capitania de Itanhaém – SP.

O nome de Vila Nova da Exaltação à Santa Cruz do Salvador de Ubatuba, por si só, demonstrava a ligação íntima entre a fé católica e a origem colonial da cidade, depois chamada simplesmente Ubatuba em 1855. A antiga Vila ganhou status de cidade, passando por enorme desenvolvimento, quando foram construídos os grandes casarões que marcaram o apogeu de Ubatuba, a maioria dos quais foram sacrificados em nome do progresso.

Iperoig - Uma história de resistência - Imagem extraída do site da prefeitura de Ubatuba
Iperoig – Uma história de resistência – Imagem extraída do site da prefeitura de Ubatuba

O MAIOR PORTO DO PAÍS
Em 1787 o presidente da província de São Paulo decreta que todas as mercadorias da capitania deveriam ser embarcadas por Santos, onde as mercadorias tinham menor preço, medida que ocasionou a decadência da economia da cana e do porto de Ubatuba. A situação só iria melhorar em 1808 com a chegada da família real e abertura dos portos às nações amigas. O comércio ganharia novo impulso com o cultivo do café no município e no Vale do Paraíba, que tornou-se economicamente próspero na segunda metade do século.

Ubatuba então, retornou seu desenvolvimento passando a ser o porto exportador da região cafeeira, a produção de várias cidades, transformando-se no maior porto de São Paulo superando até mesmo o Porto de Santos. Nesta época a cidade chegou a receber anualmente cerca de 600 navios transatlânticos. A Vila de Ubatuba passa em 1855 à categoria de cidade. O urbanismo alcança o município, são criados o cemitério, novas igrejas, um teatro, água encanada, mercado municipal e residências para abrigar a elite local. Ubatuba constava entre os municípios de maior renda da província, tendo recebido através de seu porto a primeira máquina de tecelagem do Estado, destinada a Taubaté.

Nela circulavam viajantes, negociantes, tropeiros e aventureiros, companhias de teatro e ópera; havia festas e bailes nos solares e o Ateneu Ubatubense dispunha de biblioteca de mais de 5000 volumes doada pelo Imperador D. Pedro II. O cultivo do café traz modificações profundas na paisagem física e urbana de Ubatuba: as áreas planas crescem de valor e são devastadas; a demanda por construções mais complexas (embarcações, casas e mobiliário, carros de boi) vai ocasionando o fim da madeira de lei.

No auge do ciclo econômico cafeeiro, no quarto final do século XIX, Ubatuba chegou a ser o município mais rico da Capitania de São Paulo, graças a seu porto. Após esse pouco período de extrema pujança econômica, a cidade enfrentou quase um século de estagnação, com a maioria da população caiçara sobrevivendo da roça familiar e da pesca de subsistência.

PARTICIPAÇÃO FRANCESA
A partir de 1870, um acontecimento do Velho Mundo passou a influenciar a vida do município. Antes que deflagrasse a Guerra Franco-Prussiana, dezenas de famílias de nobres franceses transferiram-se com seus cabedais para Ubatuba, onde compraram grandes extensões de terras e organizaram fazendas, entregando-se ao cultivo do café, do fumo, da cana-de-açúcar, de frutas tropicais, de especiarias como a pimenta-do-reino e o cravo-da-índia. Alguns montaram olarias, outros ingressaram na Marinha Imperial, e em Ubatuba, construíram mansões senhoriais e um teatro.

PRIMEIROS ITALIANOS
Em 1874, uma certa Clementina Tavernari, de Concórdia de Modena, regressou do Brasil Imperial, onde era conhecida como Adelina Malavazi, com a incumbência de recrutar cinquenta famílias de lavradores do norte da Itália. A intenção era fundar, na então província de Santa Catarina, um núcleo colonial que seria denominado Maria Tereza Cristina em homenagem a Sua Majestade a imperatriz, de origem italiana e casada com D. Pedro II. Trata-se do primeiro experimento de colonização italiana no país.

Enrico Secchi o professor que auxiliou como secretário Clementina Tavernari no recrutamento das famílias, acompanhando-as durante a viagem e permanecendo no Brasil, descreve sua chegada ao Rio de Janeiro e outras aventuras, entre elas:

“… na volta ao Rio de Janeiro, Enrico Secchi foi convidado a entender-se com Joaquim Ferreira da Veiga, servidor público e proprietário de uma grande fazenda chamada Picinguaba, no município de Ubatuba, ao norte da então província de São Paulo. Conseguiu a permissão oficial para retirar da hospedaria dos imigrantes cerca de 30 famílias há pouco chegadas da Itália, provenientes de Mántova, e também o transporte para a localidade. Um contrato foi feito com o proprietário, liquidando seus outros negócios e afazeres, dirigiu-se à Ubatuba, saiu recomendado pelo Cônsul Italiano em São Paulo: deve-se ao sobredito Enrico Secchi um elogio por ter mostrado o máximo zelo em seu encargo…

A viagem a Ubatuba, em 1887, foi a bordo do piróscafo(*) Sepitiba, passando pelos portos de Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty. Na chegada, foram recebidos pelo capitão Assunção que retornara do Paraguai, pelo senhor Veiga pai, Carlo Usiglio e grande número de pescadores residentes no local. Os colonos receberam lotes para trabalhar no plano e na montanha. Os dias, semanas, transcorreram na máxima calma, o trabalho se desenvolvia bem nas lavouras começadas.

Eis que uma forte maré inundou a parte plana e as águas entraram nas casas, somente por milagre foi possível salvar a vida de todos. Houve grande pânico e um desânimo tal que boa parte abandonou o local rumo a São Paulo, outros voltaram ao Rio de Janeiro e dali foram despachados pelo Governo Imperial ao núcleo colonial Rodrigo Silva, perto de Barbacena, em Minas Gerais.

Os que ficaram em Ubatuba cultivaram cana cuja colheita perdeu-se por não estarem prontos os alambiques prometidos, o pessoal desanimou. Enrico, a mulher e duas filhas tiveram uma saída de Ubatuba muito sofrida, obrigados a atravessar a pé a Serra do Mar para alcançar o Porto Paraty e daí embarcar num pequeno piróscafo(*) para o Rio de Janeiro.”

(*) Piróscafo: Nome primitivo do barco a vapor.

ATENEU UBATUBENSE
O primeiro centro cultural da cidade, o “Gabinete de Leitura Atheneu Ubatubense”, foi fundado em 04 de julho de 1875. O ateneu funcionava como escola e centro literário, dispondo de notável biblioteca de mais de 5.000 volumes apresentados em bem impresso catálogo, grande parte dela doada por S. M. Sereníssima, o Imperador Dom Pedro II. Era utilizado por um grupo de associados que tinham em comum o prazer pela leitura.

Ateneu Ubatubense
Ateneu Ubatubense

APOGEU
No final do século XIX, que marcou, também, o final do Império, o crescimento de São Paulo agigantou-se. O norte do estado, e o Vale do Paraíba, tornaram-se verdadeiras potências econômica. E o sul de Minas, região vizinha, acompanhou esse surto de progresso. Ubatuba tornou-se o porto exportador por excelência dessa rica região econômica, onde imperava o café. Como porto de grande movimento, era o ponto final, litorâneo, da chamada “rota do café”, vinda do sul de Minas e do Vale do Paraíba.

Tão intenso era o comércio ultramarino que muitos consulados estrangeiros aí se instalaram, para o serviço de vistos. As ruas fervilhavam de viajantes, negociantes, tropeiros, aventureiros e demais forasteiros. Nos solares, as festas e bailes adquiriam quase que o mesmo esplendor e luxo da corte. No seu teatro, afamadas companhias nacionais e estrangeiras, de passagem para outras cidades portuárias de importância, nele representavam dramas, comédias e até óperas.

DECLÍNIO
A marcha do café para o oeste, para as regiões de Jundiaí e Campinas, à procura de terras virgens e férteis e a construção das ligações ferroviárias Rio de Janeiro – São Paulo e São Paulo – Santos e do Porto de Santos, fizeram definhar a antiga estrada da “rota do café”, que do sul de Minas demandava o Porto de Ubatuba, e, naturalmente a cidade. A decadência também é atribuída à ordem do Capitão Bernardo José de Lorena, que, intercedendo a favor do Porto de Santos, determinou que todas as embarcações em demanda do litoral paulista se deslocassem para Santos, porto até então abandonado.

Querendo ainda frear a decadência advinda das transformações econômicas que se haviam operado na província de São Paulo, os grandes proprietários da região ubatubense (sobretudo os franceses) reconheceram que apenas uma providência poderia salvar o porto, a cidade e, por conseguinte, os seus interesses, um ramal ferroviário que ligasse Ubatuba a Taubaté, no Vale do Paraíba, e, dali, alcançasse o sul de Minas Gerais. Só assim Ubatuba conseguiria manter sua posição de porto regional, exportador da produção do Vale do Paraíba e da região Sul-Mineira.

No dia 28 de setembro de 1890, tiveram início as obras de construção. Entretanto, com a falência do Banco de Taubaté, que apoiava o grupo interessado no empreendimento, malogrou-se a iniciativa. As obras, cerca de 80 quilômetros de estrada construída e material ferroviário, foram abandonados. Alguns anos depois, houve uma tentativa infrutífera de concluir a ferrovia. Em 1917, novo grupo financeiro pleiteou o privilégio da construção da importante via de comunicação. Como das vezes anteriores, não houve resultados práticos.

RESSURGIMENTO
A partir de 1933, com a abertura de uma estrada de rodagem entre Ubatuba e São Luiz do Paraitinga, aproveitando o velho caminho dos tropeiros, fez com que a cidade fosse descoberta para o turismo, iniciando-se novo ciclo de desenvolvimento. A estrada Caraguatatuba-Ubatuba, aberta em 1954,, também trouxe visitantes, encantados com as belezas naturais da região, que então, começaram a passar as férias, adquirindo terrenos para construção de suas casas de veraneio. A construção da rodovia Rio-Santos (BR-101), abriu Ubatuba definitivamente para excelentes perspectivas econômicas, e a quantidade de turistas aumentou sensivelmente.

A Importância da rodovia Rio – Santos
A rodovia Rio-Santos sem dúvida permitiu a integração de todo o município de Ubatuba, colocando nossa cidade, definitivamente na rota do turismo. Com a abertura da rodovia, o turismo se tornou uma das maiores fontes de renda do município, recebendo mais de dois milhões de visitantes por ano (dados de 2018).

Inicialmente chamada de “Rodovia do Sol” pelo governo, a mesma foi entregue em três etapas, nos anos de 1973, 1974 e finalizando em 1975, e que sem uma inauguração oficial, esta rodovia atendia a três objetivos principais:
1) Unir dois importantes polos econômicos e os maiores portos do país (Santos – Rio de Janeiro), em opção lógica e muito vantajosa, seguindo a Serra do Mar;
2) Podendo servir de meio de fuga no caso de problemas graves na Usina Nuclear para os moradores na região de Angra dos Reis;
3) Exibir os encantos da exuberante natureza da região ao turismo, com suas praias, ilhas, cachoeiras além de suas matas e montanhas.

Mapa Roteiro da rodovia Rio-Santos
Mapa roteiro da rodovia Rio-Santos – Imagem extraída de https://viagemeturismo.abril.com.br/brasil/percorra-a-rodovia-rio-santos-e-descubra-belas-paisagens-no-caminho/

Foi na época da construção da rodovia BR-101, que aconteceu a maior migração de pessoas de Minas Gerais e da Bahia para o município de Ubatuba. Naquele momento da história nacional, o desemprego era grande e estas pessoas, homens ansiosos por trabalho e assim sustentar suas famílias, largaram suas cidades natais, em direção ao litoral paulista.

ESTÂNCIA BALNEÁRIA
Depois de um longo período, após a revolução constitucionalista de 1932, com o objetivo de integrar a região, cujo isolamento ficou patente no conflito, o Governo Estadual promoveu melhorias na rodovia Osvaldo Cruz (Ubatuba – Taubaté), Ubatuba despertou para o turismo sendo declarada Estância Balneária pela Lei Estadual no 163 de 27 de setembro de 1948 alcançando fama, prestígio nacional e internacional passando a cidade a contar com uma ligação permanente com o Vale do Paraíba. Aos poucos, Ubatuba começou a desenvolver a sua vocação turística.

Na década de 1970, com a abertura da rodovia Rio-Santos (BR 101) a cidade foi descoberta pelos turistas. O Brasil inteiro se encantou com as belezas naturais que encontraram: mais de 100 praias, ilhas, baías, rios, cachoeiras, trilhas, a Mata Atlântica, enfim, natureza pura. O recorte do litoral na região, é um capricho dos deuses, e em qualquer época do ano, Ubatuba tem um clima agradável e ainda um povo alegre, hospitaleiro e amigo.

Na Ubatuba tropical do século XXI tudo é superlativo. Dos quatro municípios que formam o litoral norte, Ubatuba é o maior em termos de território, em extensão da orla marítima, em número de praias e ilhas, e, verdadeira dádiva, em espaço territorial preservado. Nesta região concentra-se a maior porção de áreas protegidas do litoral paulista, remanescentes da Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do planeta mas que terá sua preservação assegurada para as gerações futuras, graças à existência de Unidades de Conservação da Natureza e ao tombamento da Serra do Mar. A Ubatuba dos dias de hoje tem como principal atributo a qualidade de vida e tornou-se um polo especialmente atrativo para aqueles que amam a natureza, com destaque para os praticantes do surfe, bouldering e esportes de aventura em geral, para os quais a cidade tornou-se a verdadeira capital.

Tangará Dançador - Pássaro símbolo de Ubatuba
Tangará Dançador – Pássaro símbolo de Ubatuba

A Canoa – Símbolo do Caiçara
Até hoje a canoa é um importante instrumento de trabalho para os caiçaras, e veja esta curiosidade de antigamente: “O caiçara ao pedir a mão de uma moça em casamento, o pai da moça consentia mediante os seguintes dotes do rapaz: uma roça de mandioca, uma plantação de bananas e uma canoa. Sem a canoa, o caiçara ficava solteiro pro resto da vida”

Canoa caiçara
Canoa caiçara

Fonte de informações:
https://www.ubaweb.com/ubatuba/historia/index.php
https://ubatubense.blogspot.com.br/2008/09/um-pouco-da-histria-de-ubatuba-sp.html
http://ubatubense.blogspot.com/2007/11/histria-da-rodovia-rio-santos-em.html
https://ubatubense.blogspot.com/2015/07/os-ciclos-da-cana-e-do-cafe-em-ubatuba.html