Este é um relato interessante da subida até o Pico do Corcovado feito por Juliana Andreotti de Barros, uma analista ambiental, apaixonada por trekking. Na narração ela descreve a experiência de realizar a chegada pelo Natividade da Serra (Núcleo Santa Virgínia) ou por Ubatuba pelo bairro do Corcovado.
A subida até o cume do Corcovado de Ubatuba é uma experiência única, embora eu já tenha repetido ela três vezes (e pretendo repetir ainda mais)! Há 2 trilhas de acesso para o cume: a mais tradicional e procurada, que é a subida por Ubatuba pela “montanha encantada” (e é puro encanto mesmo!), caminho pelo qual é possível praticar a atividade de trekking e acampar no cume, e a trilha pelo Núcleo Santa Virgínia (Natividade da Serra).
A subida por Ubatuba é mais curta (aproximadamente 14km ida e volta), porém bastante íngreme. Se quiser se aventurar por lá prepare o fôlego e as pernocas, pois praticamente 90% da extensão da trilha de ida é somente subida. Mas o ofício é recompensado por um visual de tirar o fôlego. De um lado a vista para o litoral e a baía de Ubatuba, do outro a vista para as lindas escarpas da Serra do Mar: uma cadeia de montanhas que parece não ter fim.
Sem contar que subindo por Ubatuba, se você for aventureiro, é possível pernoitar em acampamento selvagem e ser presenteado com o por do sol, céu estrelado e nascer do sol no dia seguinte. Há relatos de pessoas que fazem este percurso apenas com Tracklog ou aplicativos de trekking, porém eu recomendo ir com os guias credenciados (aliás é obrigatória a contratação de um guia credenciado pela UC PESM). Além do trabalho sério e sustentável que os guias fornecem, as leis da montanha nem sempre seguem as previsões do tempo. Os guias possuem todo o equipamento necessário para eventualidades e, acredite, preparam um jantar delicioso no final do dia!
A trilha realizada a partir do Núcleo Santa Virgínia não permite atividade de camping, ou seja: você tem que ir e voltar no mesmo dia. O caminho tem menos desnível que a subida por Ubatuba, mas não se engane: tem bastante subida sim! E a maior parte da trilha não é “chão batido”, não. Devido a imensidão de árvores e por estar situada na área mais alta do parque estadual da Serra do Mar, é um berço de nascentes e rios, e a travessia é feita com trilha transpassada por raízes e atravessando rios (alguns trechos de travessia de rio possuem pontes, outros não!).
A trilha pelo Núcleo Santa Virgínia é mais longa, sendo aproximadamente 19km ida e volta. O caminho mais tradicional é entrar pelo Núcleo Santa Virgínia, atingir o cume e descer por Ubatuba, mas quando eu fiz a travessia pelo Núcleo Santa Virgínia nosso grupo não fechou número suficiente para uma Van que nos levasse até Natividade da Serra e depois nos pegasse no bairro do Corcovado em Ubatuba, então fomos e voltamos por Natividade da Serra, finalizando a trilha já no período da noite.
A vantagem de caminhar para o Corcovado através do Núcleo Santa Virgínia é poder contemplar a perfeição da natureza em sua forma mais preservada e selvagem! A trilha é impecavelmente limpa, além de linda. Jardins de bromélias e orquídeas. Um verde tão verde que não parece real. Eu fiquei encantada com a floresta preservada neste Núcleo. Porém a trilha é cansativa e longa, e você acaba tendo muito pouco tempo para curtir o cume do Corcovado. A trilha pelo Núcleo Santa Virgínia só é feita com guias credenciados do parque, sendo proibido o acesso de outra forma.
Se for para dar uma dica eu recomendo fazer ambos os percursos, pois cada um tem sua peculiaridade e beleza. A subida para o Corcovado é desafiadora, uma experiência de auto conhecimento, redescoberta, introspecção, superação e eu poderia passar horas citando coisas maravilhosas que o trekking nos proporciona, além de conhecer pessoas com uma energia sensacional! Na montanha todos vibram numa sequência do bem!
Ah, e pra finalizar, não esqueça de fazer seu registro no livro do cume, de fazer aquele agradecimento à “Mãe Natureza”, e sempre levar todo e qualquer lixo que você gerar embora: tudo o que sobe, tem que descer! Boa jornada aos futuros aventureiros!
Texto e imagens realizadas por:
Juliana Andreotti de Barros – Analista Ambiental