O acesso até o Quilombo Fazenda Picinguaba, é no km 12 da rodovia Rio-Santos e após 2,4 Km por estrada de terra batida (Estrada da Casa da Farinha), sutil que parece querer penetrar no interior da Mata Atlântica, passando por algumas vilas de moradores e pela Capela de São Pedro, chega-se ao local.
A região que abriga a Casa da Farinha é conhecida como Sertão da Fazenda ou Fazenda da Caixa e reúne famílias que chegaram ao local na década de 50, remanescentes de quilombos e do Mestre Quilombola, “Seu Zé Pedro”. Que se orgulhava em dizer: “Fui criado aqui e também criei aqui meus onze filhos. Aqui mantemos nossas raízes e nossa cultura e o meu sonho é manter isso vivo”. A primeira notícia que se tem da “Fazenda Picinguaba”, remonta o final do século XIX, em 1884, quando faleceu Maria Alves de Paiva, proprietária da Fazenda, e em testamento declarou o desejo que seus escravos fossem libertos e que pudessem habitar em certas áreas da Fazenda.
A Fazenda Picinguaba possuiu vários proprietários, até que no ano de 1943 seu novo dono Saint Claire, adquiriu parte da Fazenda e nomeou o Sr. Leopoldo Braga o administrador da Fazenda Picinguaba. Leopoldo recebeu a autorização de trazer 12 famílias para trabalharem através de usufruto, sendo proibidas de vender a arrendar suas terras. Em 1951, a Fazenda Picinguaba foi hipotecada pela Caixa Econômica do Estado de São Paulo e perdurou esse domínio até 1974, por isso, a Fazenda Picinguaba também é conhecida como Fazenda da Caixa.
Em 1975, o trecho entre Ubatuba e Paraty (RJ) da rodovia Rio-Santos – BR 101 – foi construído e no ano de 1979 para controlar as grilagens e invasões de terra a Fazenda foi anexada ao Parque Estadual da Serra do Mar. No ano de 2005, a Fazenda Picinguaba recebeu o reconhecimento da Fundação Palmares como sendo um remanescente de quilombo.
Grupo de Jongo “Ô de Casa”
Uma das tradições da Comunidade Quilombola Fazenda Picinguaba é o grupo de jongo, formado adultos jovens e crianças, com vários tipos de danças e ritmos como o Jongo, Ciranda, Maracatu, Caranguejo e Arara. Visitar este quilombo é ter a oportunidade de entrar na roda, ao som dos tambores do Jongo, uma manifestação cultural tradicional e muito representativa herdada dos ancestrais africanos. O grupo surgiu a partir das oficinas de preservação dos ritmos musicais tradicionais desenvolvidas pelo Ponto de Cultura Olhares de Dentro.
As oficinas iniciaram-se em 2010 com o propósito de reaproximar os jovens e crianças dos ritmos musicais que fazem parte da história da comunidade. O grupo possui em seu repertório ritmos tradicionais locais como o Fandango Caiçara, o Jongo e ritmos tradicionais afro-brasileiros de outras regiões como o Maracatu. Os instrumentos e indumentárias utilizados pelo grupo também são confeccionados por eles mesmos durante as oficinas.
Um pouco da história neste breve vídeo extraído de: http://redeturismoambiental.ubatuba.cc/quilombo-da-fazenda
A comunidade tem uma escola, uma igreja e a poucos metros o moinho da casa da farinha com uma casa de artesanato, inaugurada em 2013. Em 2014, a comunidade fundou uma cooperativa, chamada Cooperativa do Azul, que contou com a colaboração de notáveis figuras como David Calderoni e Paul Singer. Em 2015 a comunidade inaugurou um restaurante de gastronomia quilombola, também localizado na Casa da Farinha.
Contato para visitação:
WhatsApp: 12 9 9749-5020
Fontes de Informações:
https://www.cpisp.org.br/comunidades/html/brasil/sp/home_sp_lit_norte.html
https://fundart.com.br/tradicao/comunidades/quilombos/
https://quilombodafazenda.org.br
http://redeturismoambiental.ubatuba.cc/quilombo-da-fazenda