A Sununga é uma praia com extensão pequena, cerca de 150 metros, localizada na região sul de Ubatuba, com acesso pelo canto esquerdo da Praia do Lázaro.
Normalmente com mar agitado, areia fina e clara, tipicamente uma praia de tombo, não recomendada para um banho tranquilo. É um local ideal para admirar a força da água do mar, principalmente durante as ressacas.
As ondas vêm de encontro com a alta costeira rochosa em seu canto direito, as águas sobem, e ao retornar chocam-se com a nova onda vinda do mar, causando ondas desgovernadas e altas formações de “pirâmides” de água bem no centro da praia.
A Sununga tem visual fascinante com alguns coqueiros em sua orla e vista para o mar aberto. Em primeiro plano, bem a sua frente, temos a arqueológica Ilha do Mar Virado, ao fundo vemos outras ilhas, no canto direito, a Ilha Bela, um pedaço da Ilha de Búzios atrás da Ilha do Mar Virado e mais a esquerda a Ilha Vitória.
A palavra Sununga é uma provável derivação da palavra “Cyninga” que em Tupi-Guarani significa forte e estridente barulho.
A Gruta que Chora
No canto esquerdo da praia, uma atração famosa de Ubatuba: “A Gruta que Chora”. Quando são emitidos sons em seu interior, em função desta vibração sonora, as paredes vibram fazendo com que, a água nascente que passa por cima da gruta caia do teto.
Todos que visitam a Gruta que Chora, localizada no canto esquerdo da Praia da Sununga, ficam intrigados com o constante “pinga-pinga” de água que cai pelas folhas e arbustos na entrada da gruta. Chama a atenção também, as ondas desiguais da Praia da Sununga e a violência com que o mar se comporta, emitindo um estrondo espetacular. Mas estas características da natureza tem uma razão de ser, segundo os antigos. Temos várias versões de uma lenda que é contada de geração em geração, a respeito deste mágico lugar:
Diz a lenda da Gruta que Chora…..
Marcelina, jovem graciosa e alegre, de repente pareceu aniquilar-se, alimentando-se mal, perdendo as cores sem ânimo até para as tarefas costumeiras. Remédios já os havia tomado em grande quantidade, mas nada resolvia. Dias se passaram, até que certa madrugada, ao raiar do dia, sinhá Anália, mãe da moça, ouvindo soluços provindos do quarto da filha para lá se dirigiu, encontrando-a murmurando palavras desconexas que pareciam ser:
– Não! Não vá… não quero… espere…
Então Marcelina, vendo a mãe ali postada, com voz entrecortada começou a falar:
– A senhora sabe a estória daquele monstro, daquela serpente que mora na Toca da Sununga, não é? Sabe que eu até tinha vontade de ver o tal monstro? Pois uma noite, não foi sonho, eu estava acordada, e vi quando ele veio sem fazer barulho, abriu a porta e entrou devagarinho aqui no meu quarto. Não demorou ele foi virando gente e ficou do jeito de um moço, mas um moço bonito que Deus me perdoe, perdi o medo. Ele riu pra mim… Aí eu ri pra ele e ele veio vindo, veio vindo, chegou perto de mim, passou a mão nos meus cabelos… Depois sentou-se aqui na cama… Depois… depois ficou comigo!
Mãe, ele foi embora só de manhãzinha. E eu fiquei com tanta pena… Tive até vontade de chorar… E chorei, não tenho vergonha de contar, chorei mesmo! Agora, mãe, não tenho vontade de trabalhar, nem de comer, nem de conversar, nem de nada. Minha vontade é de ficar aqui no quarto, de porta fechada esperando que a noite chegue e que o bicho venha e se vire no moço bonito, pra ficar comigo até de manhãzinha.
Passava o tempo, quando certo dia bateu a porta de sinhá Anália, um monge velhinho (alguns afirmam que era o próprio Padre Anchieta fazendo suas peregrinações por Ubatuba), pedindo alguma coisa para comer, e esta fazendo-o entrar, agasalhou-o, deu-lhe de comer e atendendo às suas indagações, relatou-lhe toda a razão da tristeza que consternava aquela casa. O velhinho, já ouvira falar do monstro satânico que atormentava a população daquele bairro, e justamente por isso é que ali viera, por inspiração divina, a fim de libertá-la da opressão que lhe infringia o espírito do mal.
O venerável ancião caminhou em direção à toca que abrigava o dragão da Praia da Sununga. Ali chegando, o monge ergueu os braços num largo e lento gesto do sinal da cruz, e ao murmúrio de piedosa prece, espargiu por sobre a pedra a água que levara num pequenino púcaro. Naquele instante um trovão violento fez estremecer a terra, e o mar, rugindo em doidas convulsões, projetou-se violento contra a impassibilidade das rochas, para retroceder, abrindo-se ao meio, bem em frente à toca, dando passagem ao monstro que por ali avançou rugindo, sumindo ao longe, na profundeza das águas.
A Praia da Sununga, tem normalmente o mar agitado, tipicamente de uma praia de tombo, não recomendada para um banho tranquilo. Hoje, quem se postar no interior da lendária gruta, perceberá cair lá de cima, das ranhuras da pedra, uma sequência de pequeninas gotas que se infiltram na areia branca e fina que alcatifa o chão. Dizem, alguns, que são remanescentes gotas da água benta espargida pelo monge, que ainda caem, a fim de que o monstro (que se parecia com uma serpente) jamais possa voltar. Outros, porém, afirmam que são lágrimas de Marcelina, que lá voltou muitas vezes, na esperança de que a serpente, feito moço bonito, ainda voltasse, para ficar com ela.
Skimboard
Por conta da formação de suas ondas desiguais, muitas vezes com formação lateral em relação à praia, o local normalmente recebe a presença de muitos praticantes de “Skimboard” que anteriormente era conhecido como “Sonrisal”, por conta da antiga forma da prancha redonda.
A Praia da Sununga, é reconhecida como a capital brasileira do Skimboard, atividade que vem ganhando anualmente mais adeptos da modalidade, que une características do surf e do skate, e cresce nos litorais brasileiros. Em 2016, o Brasil foi palco de abertura do campeonato mundial de skimboard, o United Skim Tour (UST).
Os “skimboarders” adoram esta formação de onda de lado, que ocorre na Sununga chamada de “sider”. Temos uma onda parecida com a da Sununga, que ocorre na praia “The Wedge”, na Califórnia, no entanto, a onda na Sununga é da direita para esquerda, ao contrário da famosa onda californiana.
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