Poucos sabem, mas Ubatuba poderia ter se desenvolvido muito mais se a ferrovia que foi planejada, ligando o Vale do Paraíba até nossa cidade tivesse acontecido. Claro que para garantir a preservação que temos hoje, ainda bem que não ocorreu. Vamos a história: O momento histórico de progresso que Ubatuba, viveu no final do século XIX, parecia definir o verdadeiro firmamento da economia local, revolucionando o fluxo de transporte de toda a produção da região. Estava prevista a construção da ferrovia que ligaria Taubaté a Ubatuba, e deixaria a cidade apta ao comércio de exportação e importação competindo com o porto de Santos.
O ano era o de 1889 foi criada uma Companhia Concessionária e o capital do investimento foi milionário, fundando o Banco Popular de Taubaté, com dinheiro dos fazendeiros e comerciantes da região e empréstimos conseguidos em bancos americanos e alemães. Firmas inglesas forneceram o material necessário como os trilhos importados da Inglaterra, iniciando em seguida os trabalhos para traçar a linha ferroviária. Um grupo de trabalhadores vinha do planalto de Taubaté, enquanto um outro trilhava o caminho pela Serra do Mar, chegou-se a perfurar a serra para os túneis.
O traçado a partir de Ubatuba iniciaria no cais do Porto da Ponta Grossa, na Baía de Ubatuba, ao sul da cidade, seguiria 4 Km em trecho urbano e plano até a estrada do Monte Valério (região da Praia Dura), rota que seguiria a partir daí alinhada até o alto da Serra do Mar a 854 metros de altitude. A transposição da serra seguiria em uma inclinação máxima de 3%.
O projeto era ambicioso. A ferrovia teria 152 km, passando por Natividade da Serra e descendo a Serra do Mar pela pedra do Corcovado. Seriam construídos 48 túneis (sendo 43 sob rocha e 5 sob terra) e diversos viadutos, uma verdadeira obra de arte. Em Ubatuba haveria uma alfandega. Tanto o banco como o porto pertenciam à ferrovia. A festa de fixação da primeira estaca foi realizada em 1890, em Ubatuba. O ritmo da construção era intenso, corria o ano de 1893 e a Companhia enfrentava sérias dificuldades econômicas. Por falta de pagamento, em junho e julho de 1893, dissolveu-se o pessoal técnico da empreiteira responsável pelas obras. Até o final do ano de 1893, ainda continuavam trabalhando alguns subempreiteiros, quando recebem ordens para suspender os trabalhos.
A partir daquela data, nunca mais as obras teriam prosseguimento. O motivo que levou o governo a determinar o fim das obras nunca foi bem esclarecido. Os moradores, segundo jornais da época, falavam em pressão dos proprietários da São Paulo Railway (ferrovia que ligava Jundiaí a Santos), que temiam que a reativação do porto de Ubatuba prejudicasse seus negócios. Na época em que a obra foi paralisada, 84 km já estavam quase prontos, inclusive as pontes. Um trem que levava material para os operários já chegava às estações de Boracéia, Registro e Fortaleza, todas no município de Taubaté.
Vestígios dessa ferrovia
Da velha ferrovia restam poucos sinais. Os trilhos foram arrancados e das estações só restam ruínas, como a do bairro do Registro. Em Natividade da Serra, aos arredores do Bairro Alto ficaram algumas cabeças de pontes e sulcos cravados nos morros ainda bem visíveis para quem percorre aquela região. Os materiais usados nas obras, ficaram longos anos abandonados, todos esquecidos na Serra do Mar. Muitos trilhos foram aproveitados pela Prefeitura para construções de pontes, alguns utilizados em posteamento no primeiro serviço de iluminação elétrica da cidade.
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