Os recifes de corais são formações construídas a partir da deposição de carbonato de cálcio por diversos organismos marinhos, principalmente por corais, mas outros organismos, como algas calcárias e moluscos, também contribuem para a formação de substratos recifais. Os corais são animais cnidários da classe Anthozoa pequenos e muito frágeis que utilizam carbonato de cálcio da água para construir um exoesqueleto duro.
Podem ser solitários, mas são principalmente coloniais e cada indivíduo em uma colônia de coral é chamado de pólipo. Um recife de corais é coberto por milhares de pólipos de coral. Quando os pólipos morrem, novos pólipos crescem por cima dos esqueletos que ficam. Por isso, um recife de coral é composto por camadas muito finas de carbonato de cálcio resultante da sobreposição dos esqueletos das sucessivas gerações de pólipos. Quando vemos um recife de corais, apenas a fina camada superficial é constituída por pólipos vivos.
Uma associação importante para os recifes de corais é a simbiose que ocorre entre as espécies de corais e microalgas conhecidas como Symbiodinium (zooxantelas). Essas algas vivem no interior dos tecidos dos corais, realizando fotossíntese e liberando para os corais compostos orgânicos. Em troca, as zooxantelas sobrevivem e crescem utilizando os produtos gerados pelo metabolismo dos corais. Elas também estão envolvidas na formação dos esqueletos e são responsáveis pelas cores dos corais.
Suas cores são exuberantes e vivas, passando de tons de vermelho até o azul, por violetas, verdes, amarelos e tantas outras cores. Os corais têm cavidades em seu exoesqueleto de carbonato de cálcio (que é todo branco). As algas se alojam nestes pequenos poros, o que facilita a atividade de retirar a luz solar que penetra nas águas do mar. A energia excedente produzida através da fotossíntese destas algas é transferida para o coral.
Os corais apresentam um esqueleto externo feito apenas de carbonato de cálcio, que não tem coloração alguma. São as algas, que dão as cores vivas destes organismos. E o motivo para o branqueamento dos corais está diretamente ligado à temperatura das águas. Quando ficam em regiões mais quentes, estas algas começam a produzir substâncias químicas tóxicas ao coral. Para se defender, o cnidário tem a estratégia de expulsar as algas. O processo de expulsão é traumático e aquela energia excedente que as algas davam para o coral some de uma hora para outra.
Existem três tipos básicos de recifes de corais:
- recifes em franja – são os mais comuns, crescem perto da costa ao redor de ilhas e continentes e são separados da costa por lagoas estreitas e rasas;
- recifes em barreira – também são paralelos à costa, mas separados por lagoas profundas e largas;
- atóis – são recifes em forma de círculo, no centro do qual se forma uma lagoa. Os atóis se localizam no meio dos oceanos e geralmente se formam quando topos de ilhas (geralmente topos de vulcões submersos) rodeados por recifes em franja afundam no mar.
Os recifes de corais ocorrem principalmente em regiões com águas permanentemente quentes, claras e rasas, mas nas últimas décadas também foram registrados em águas profundas. O Brasil possui os únicos recifes coralíneos do Atlântico Sul, eles se distribuem por cerca de 3.000 km ao longo da costa nordestina. O aquecimento global tem um efeito direto na vida dos corais e consequentemente a um dos mais ricos habitats do ambiente marinho.
Para ter uma ideia, nos Oceanos Índico, Pacífico e no Caribe, 80% dos corais afetados pelo branqueamento acabam morrendo. Os corais brasileiros de acordo com o monitoramento dos pesquisadores são mais resistentes e a taxa de mortalidade fica em torno de 10%. Porém, as novas análises indicam um aumento na mortalidade e um possível agravamento do aquecimento dos oceanos. Além disso, existe o problema da dissolução do gás carbônico na água que a deixa mais ácida. Com um pH menor (mais ácido), a estrutura de carbonato de cálcio acaba sendo desintegrada, sendo outro motivo para o desaparecimento dos corais dos mares.
Os recifes de corais são ecossistemas muito ricos em biodiversidade, abrigando uma infinidade de espécies de peixes, moluscos, crustáceos, cnidários e algas. Apesar de grande importância, os recifes encontram-se ameaçados no mundo inteiro. Entre as principais ameaças estão a sedimentação excessiva, a poluição e a pesca predatória.
Referências Bibliográficas:
– Ferreira, B. P.; Maida, M. Monitoramento dos Recifes de Coral do Brasil: situação atual e perspectivas. Brasília, DF: MMA, 2006. (Série Biodiversidade).
– Ministério do Meio Ambiente. Conduta consciente em ambientes recifais. Brasília, DF: MMA, 2011.
https://www.biologiatotal.com.br/blog/o+branqueamento+dos+corais.
Por que devemos nos preocupar com os recifes de coral?
Embora os recifes de corais ocupem apenas cerca de 0,2% do fundo do oceano, eles oferecem importantes serviços ecológicos e econômicos. Agem como barreiras naturais que ajudam a proteger 15% das linhas costeiras do mundo da erosão causada pelo quebrar das ondas e tempestades. Além disso, oferecem habitats para um quarto de todos os organismos marinhos.
Economicamente, eles produzem um décimo da pesca mundial – um quarto das capturas em países menos desenvolvidos, e oferecem empregos na pesca e ecoturismo para alguns dos países mais pobres do mundo. Esses tesouros biológicos nos fornecem um mundo subaquático para estudar e desfrutar. Todo ano, mais de 1 milhão de mergulhadores e praticantes de snorkel (mergulhar de uma forma divertida e descontraída de ver o mundo colorido e fascinante abaixo da superfície do oceano.
Os mergulhadores utilizam uma máscara de plástico transparente e um tubo curto para respirar enquanto flutuam sobre a superfície da água com o rosto voltado para baixo), desta forma podem observar os corais e vida marinha sem assustá-los com os seus movimentos e sem ter que vir à tona para respirar a cada minuto, e experimentar as maravilhas da biodiversidade aquática.
Os cientistas estimaram que 19% dos recifes de corais do mundo foram destruídos. Estudos subsequentes indicaram que outros 20% de todos os ecossistemas de recifes de corais foram degradados pelo desenvolvimento costeiro, poluição, sobrepesca, temperaturas mais mornas do oceano, aumento da acidez da água, etc.; e outros 25% – 33% podem ser perdidos dentro de 20 a 40 anos.
Os recifes de corais são vulneráveis a danos, porque crescem lentamente e são facilmente interrompidos. Só prosperam em águas claras e bastante rasas, de salinidade constantemente alta, e escoamento de solo e de outros materiais da terra podem afetar a turbidez da água e bloquear a luz solar necessária para os organismos produtores dos recifes. Além disso, a água em que vivem deve ter uma temperatura de 18 – 30 C (64-86 F).
Isso explica porque a maior ameaça a longo prazo para os recifes de corais talvez seja a mudança climática, que poderia elevar a temperatura da água acima desse limite na maioria das áreas de recife; um problema resultante é o branqueamento do coral, que ocorre quando pressões, tais como aumento da temperatura, fazem que as algas, que servem de alimento para os corais, morram. Sem alimento, os pólipos de coral morrem.
Outra ameaça é o aumento da acidez da água do oceano, já que este absorve parte do dióxido de carbono produzido principalmente pela queima de combustíveis fósseis contendo carbono. O dióxido de carbono reage com a água do oceano para formar um ácido fraco, que pode lentamente dissolver o carbonato de cálcio formador dos corais. O declínio e a degradação dessas sentinelas oceânicas coloridas devem servir como um alerta sobre as ameaças à saúde dos ecossistemas do oceano, que nos fornecem serviços ecológicos e econômicos cruciais.
Tal como acontece com os sistemas terrestres, os cientistas tiveram um bom começo com relação à compreensão da ecologia dos sistemas aquáticos do mundo e como os seres humanos estão degradando e interrompendo os serviços ecológicos e econômicos vitais que eles fornecem. Ao estudar esses sistemas, novamente descobriram que, na natureza, tudo está conectado. Esses cientistas argumentam que precisamos urgente de mais pesquisas sobre os componentes e o funcionamento das zonas de vida aquática do mundo, sobre como estão interligados e quais sistemas têm maior risco de ser perturbados por atividades humanas. Com tais informações vitais, teremos uma visão mais clara de como nossas atividades afetam o capital aquático natural da Terra e o que podemos fazer para ajudar a sustentá-lo.
Podemos aprender com as lições sobre como a vida nos ecossistemas aquáticos se manteve durante bilhões de anos e usá-las para ajudar a sustentar nossos próprios sistemas, além dos ecossistemas dos quais dependemos. Ao confiar mais na energia solar e menos no petróleo e em outros combustíveis fósseis, poderíamos reduzir drasticamente a poluição dos oceanos e outros sistemas. Pela maior reutilização e reciclagem de materiais e produtos químicos que usamos, poderíamos reduzir a poluição dos sistemas aquáticos e a perturbação dos ciclos químicos dentro desses sistemas. E, ao respeitar a biodiversidade aquática e educar as pessoas sobre sua importância, podemos preservá-la e manter seus valiosos serviços ecológicos para nosso próprio uso e para o benefício de todas as outras formas de vida.
... o mar, uma vez que lança seu feitiço, nos prende em sua rede de maravilhas para sempre. Jacques Yves Cousteau
Artigo técnico escrito por: Ana Rubia Nascimento
Referência Bibliográfica
MILLER TYLER, G & SPOOLMAN E., SCOTT – Ecologia e Sustentabilidade Tradução da 6ª. Edição norte-americana