Muitos não sabem mas a Cachoeira da Água Branca, localizada na região sul de Ubatuba, é uma das maiores quedas d´água do Brasil (*) com cerca de 180 metros de altura, proporcionando um espetáculo magnífico, em meio à exuberância da Mata Atlântica.
É uma cachoeira no formato de véu de noiva, com várias quedas sucessivas, apesar de normalmente não ter um volume de água tão grande. A Cachoeira da Água Branca está localizada dentro dos domínios, do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM), e seu acesso é somente por trilha, de dificuldade alta.
Este percurso só pode ser realizado seguindo algumas normas, entre elas a presença de um guia credenciado ou monitor ambiental, fazer um pré-agendamento, o uso de calças e sapatos fechados, além da recomendação do uso de perneiras.
Para chegar a Cachoeira da Água Branca é necessário vigor físico e disposição. Partindo da Cachoeira da Renata localizada no Sertão da Quina, local onde podemos deixar um veículo, são cerca de 4,3 km de distância até o destino. A trilha passa pelo Poço Verde, e é realizada em aproximadamente 5 horas de caminhada (ida e volta) a partir deste ponto.
Ao longo da trilha, cruza-se muitos riachos (cerca de 12), pequenas quedas de água, a Cachoeira do Chafariz e a Cachoeira da Queda Brava com um grande poço. Após a Cachoeira do Chafariz, a trilha fica mais fechada, começa a aumentar a inclinação e a Mata Atlântica fica mais atraente com vários pés de Juçara, Samambaia Açu e é possível encontrar os Muriquis, também conhecido como Macaco do Sul, espécime dócil, com cauda longa, que se alimenta de frutos e flores, sendo o maior macaco das américas e que chegam a pesar até 12Kg.
Aproximadamente 2h30min de caminhada, desde o início da trilha, chega-se a base da Cachoeira da Água Branca, a partir deste ponto, fazendo uma “escalaminhada”, podemos atingir um mirante, onde ficamos de frente com a cachoeira.
A Cachoeira da Água Branca nasce das águas do Rio do Brilhante, já nas proximidades do Vale do Paraíba, e seu paredão rochoso de granito verde, e suas trilhas escondem mistérios e beleza. Olhando de frente para a enorme cachoeira, vemos duas “nascentes” de água laterais que se encontram no meio do caminho, formando uma só queda, e sumindo por entre um amontoado de pedras, sem sequer formar um pequeno poço.
A história menciona, que ela foi ponto de parada e descanso dos índios séculos atrás, e depois, foi frequentada pelos desbravadores europeus e negros, vítimas da rota do trafego negreiro. O local possui várias trilhas que levavam ao Vale do Paraíba, do período escravocrata, do ciclo do café, da cana de açúcar e da troca de mercadorias.
(*) As maiores Cachoeiras do Brasil
Não existe uma lista oficial das maiores cachoeiras do Brasil, seguem algumas catalogadas:
– Cachoeira do El Dorado – 353 metros – Serra do Curupira (AM), esta possui a maior queda livre de água do país.
– Cachoeira da Fumaça – 340 metros – Palmeiras, Chapada Diamantina (BA).
– Cachoeira do Tabuleiro – 273 metros – Conceição do Mato Dentro (MG).
– Cachoeirão – 270 metros – Chapada Diamantina (BA).
– Salto São Francisco – 196 metros – Prudentópolis (PR).
– Cachoeira Casca D’Anta – 186 metros – Serra da Canastra (MG).
– Cachoeira da Água Branca – 180 metros – Ubatuba (SP).
– Salto do Itiquira – 168 metros – Parque Municipal do Itiquira, Formosa (GO).
– Cascata do Caracol – 130 metros – Parque Estadual do Caracol, Canela (RS).
– Salto São Sebastião – 130 metros – Prudentópolis (PR).
Fonte de informações: https://mundocrux.com.br/as-dez-maiores-cachoeiras-do-brasil/
História – Hidrelétrica
No ano de 1957 alguns moradores da região de Maranduba, foram contratados pelo governo para trabalhar em uma sondagem, nas paredes de granito verde, no entorno da Cachoeira da Água Branca, com o intuito de implantar um gerador de energia hidrelétrica, ligado à represa de Paraibuna. Pelo período de um ano e cinco meses, realizaram-se pesquisas, utilizando-se de dois motores, que gastavam cerca de 100 litros de combustível, um a gasolina e outro a diesel, além de dinamites para explosões.
Foi um alivio para Ubatuba e para a preservação da natureza, quando o projeto da hidrelétrica foi abandonado, já que a saída de água poderia ser para o lado do litoral, o que numa vazão de água da represa, inundaria as casas, as roças do Sertão da Quina e o bairro de Maranduba. Após a construção da rodovia Rio-Santos, muitos invasores tentaram tomar terras dos moradores locais, especialmente com o objetivo de se apropriar do entorno da Água Branca, porém a população não deixou, e vários capangas foram expulsos, e isso se estendeu até o início da década de 1980.
Atenção: O cuidado nas trilhas
Para realizar trilhas, siga algumas regras básicas: Preserve a natureza, não jogue lixo na trilha, não maltrate os animais, não entre em propriedades particulares, recolha seu lixo e dê o destino certo para ele, deixe apenas pegadas, evite fazer barulho, desfrute dos sons da natureza, cuidado para não causar incêndios na floresta, planeje bem sua caminhada e informe a alguém sobre seu passeio, proteja-se do sol, mosquitos, borrachudos e mantenha-se sempre na trilha.
Se a caminhada for extensa é indispensável alguns acessórios como um calçado confortável, calça comprida leve e macia, camiseta de manga comprida por conta do capim navalha, boné, mochila impermeável com repelente, protetor solar, máquina fotográfica, muda de roupa seca, capa de chuva, agasalho, apito, toalha, lanterna, além do lanche, água e barrinha de cereal por exemplo. Preste atenção as passadas, e desníveis causados por erosões, devido às chuvas, e a utilização de um “cajado” ajuda bastante a diminuir os impactos.
Também esteja alerta para abelhas, porcos do mato e a presença de cobras peçonhentas que são muito comuns em Ubatuba e na região da Mata Atlântica, tais como a jararaca (Bothrops jararaca), coral (Micrurus Corallinus), jararacuçú (Bothrops) e urutú-cruzeiro (Bothrops alternatus), que costumam ficar no meio da trilha, especialmente em lugares que bate sol.
Fazer trilhas acompanhado de um guia credenciado, é uma boa recomendação para garantir mais segurança e também aproveitar para conhecer a história do local.
As precauções em uma cachoeira:
– Sempre entre com os pés primeiro. Nunca de cabeça, pois isso já provocou diversas mortes ou paralisias e evite pular de locais altos;
– Evite ingerir bebidas alcoólicas antes do banho de cachoeira;
– Cuidado com o limo e o barro liso, você pode escorregar e cair sobre pedras, ou na água em buracos com fundo de lodo que podem fazer você afundar rapidamente;
– Atenção para o fenômeno cabeça d´água, que é o aumento repentino do fluxo de água que vem da cabeceira dos rios que formam a cachoeira. Muitas vezes no local da cachoeira o tempo está firme, até com sol, mas choveu muito nos locais das nascentes dos rios ou em seu percurso e o aumento do volume de água é extremamente rápido. Ao primeiro sinal da presença de galhos, mudança repentina da cor da água ou se estiver chovendo, saia imediatamente da água e da margem do rio;
– Se estiver em perigo, tente manter a calma, flutue e acene por socorro e não nade contra a correnteza. Se for ajudar, não entre na água, jogue um material flutuante e ligue para 193.
Lembre-se: da natureza nada se tira, além de fotos e nada se leva, além de boas lembranças!!!