A Mãe do Ouro é uma personagem do folclore brasileiro, guardiã dos tesouros da terra, das montanhas e dos rios. Ela está sempre perto do ouro, é vista à noite, e brilha com a mesma beleza dourada de seu filho. Se alguém se aproximar muito, ela desaparece, reaparecendo, em seguida, em outro lugar. Dizem que muitas lavras foram descobertas por causa de sua presença.
Aqueles poucos mortais que puderam vê-la mais de perto dizem ser uma mulher muito bonita, sempre trajada com um longo vestido de seda coberta de ouro, tendo os cabelos cheios de bichos. É crença geral que, quem conseguir limpar seus cabelos, ficará muito rico. De acordo com a lenda, a Mãe do Ouro tem a capacidade de voar pelos ares, indicando locais onde existem jazidas e ouro que não devem ser exploradas pelo homem. A lenda surgiu, provavelmente, no auge da época do ciclo do ouro (século XVIII), nas regiões auríferas (Minas Gerais, Goiás e Bahia).
Ela é a protetora destes depósitos naturais de ouro e segundo a lenda, ajuda os mineiros a encontrá-lo, mas impõe a condição de que o mesmo não deve revelar a ninguém a localização da mina. Em algumas regiões, a Mãe do Ouro é também representada por uma bola de fogo que tem a capacidade de se transformar nesta linda mulher. Há também versões de que a Mãe do Ouro atue como uma defensora das mulheres que são maltratadas pelos maridos. De acordo com a lenda, a Mãe do Ouro atrairia estes homens para uma caverna, libertando assim as esposas destes maridos e colocando no caminho delas homens bons.
A Mãe do Ouro na Barra da Lagoa
Houve um tempo em Ubatuba, que as únicas luzes que “alumiavam” a nossa gente a noite era a da lua ou a do lampião a querosene. Contava meu avô que na Barra da Lagoa do Itaguá existia um mistério, a cada sete anos o rio recebia uma força desconhecida e mudava seu curso natural. Há muitos anos atrás onde hoje é a ponte, havia um córrego apenas, que desembocava no mar, de onde vinha esse córrego ninguém sabia ao certo, quem sabe lá de cima da Serra do Mar. Nessa época numa casinha de sapê e chão batido, morava Chico Cido, velho pescador da Vila Yperoig que sempre estava a pescar no rio.
Em uma tarde ele fisgou com seu anzol alguma coisa pesada, puxando para a margem do rio, trouxe um cesto de junco cheio de ouro. Chico Cido levou com cuidado para sua humilde casa aquele importante achado e foi logo avisando sua família que nas gerações seguintes, todos daquele sangue teriam a obrigação de cuidar de uma criança abandonada, como gratidão. Mas toda pessoa beneficiada com aquele achado, não gozaria completamente dessa felicidade, pois essa herança pertencia ao rio, presente do “Gênio dos Quatro Ventos”, que profetiza assim: Se algum dia esse presente for pescado por um homem, a “Mãe do Ouro” que vive no grotão da serra viria em busca do que lhe era de direito.
E é por isso que a cada sete anos o rio Lagoa muda seu curso natural, e dizem que é a ‘Mãe do Ouro” em busca da cesta de junco cheio de ouro, achada por Chico Cido velho pescador da Vila de Yperoig.
(História escrita por Eli Ane Oliveira)
Mãe do Ouro no Perequê-Açú
Em Ubatuba, Candinho Manduca, pescador do Perequê–Açu, conta que viu a Mãe de Ouro, uma grande bola de fogo, atravessando o céu de um canto a outro; saiu lá das bandas do rio Acaraú e foi cair no morro de Curuçu-Mirim. Outros caiçaras já viram, em noites escuras e sem estrelas, aquela bola incandescente fazer a curva no céu caindo sobre o morro, indicando que ali há tesouro enterrado.
“E pode ser verdade”, diz Candinho Manduca: “Ali na prainha, no tempo de dantes havia um casario rico e assobradado ladeando o trapiche. À direita do antigo trapiche há um túnel que atravessa o morro de lado a lado, desembocando na estrada do Perequê-Açu. Na metade do túnel, há um salão, onde estão empilhadas canastras e bruacas cheias de ouro e pedras preciosas. Riqueza tirada da entranha da terra mineira, das lavras e se destinavam ao reino, mas aqui chegando foram descaminhadas. Era o contrabando”.
“Houve algum contratempo, por isso o tesouro lá ficou escondido. Mas quem há de varar o túnel, moradia das cobras, de outros bichos peçonhentos, encostar-se naquelas paredes de umidade pegajosa e desmoronamentos pelo tempo? Já tentaram, mas não tiveram coragem de chegar até o salão onde a riqueza está guardada. E ela ainda continua lá, pois de vez em quando há quem veja a Mãe de Ouro riscando o céu e caindo onde está o tesouro enterrado”.
Fontes das informações:
https://www.consciencia.org/a-mae-de-ouro-lenda-caicara
https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A3e_do_ouro
https://ubatubense.blogspot.com.br/2010/04/lendas-ubatubenses-lenda-da-mae-do-ouro.html
https://arocacontaumconto.blogspot.com.br/2016/07/a-lenda-da-mae-do-ouro.html