A Aldeia Renascer Ywyty Guaçu foi fundada em 22 de setembro de 1999 por cinco famílias indígenas Tupi Guarani e Guarani. A ocupação foi comandada pelo cacique Antonio da Silva Awá e seu objetivo era reconquistar o espaço tradicional pertencente aos seus ancestrais.
Localizada aos pés do Pico do Corcovado, a aldeia Renascer é mais que um ponto de atração turística, é considerada um dos elos do processo de formação de nosso povo, já que os índios foram os primeiros moradores de nosso país e que em nosso litoral realizaram eventos de repercussão internacional, como a Confederação dos Tamoios e a Paz de Iperoig. De raiz Tupi e Guarani, a aldeia possui 15 famílias num total de 90 pessoas distribuídas em 2.500 hectares de belas paisagens e rios de águas cristalinas. Em 1999, o local onde hoje está localizada a Aldeia Renascer, era utilizado como espaço cênico-cinematográfico e foi palco do filme épico “Lá vem nossa comida pulando”, que retrata a história de aventura de Hans Staden ao registrar a vida dos índios do Brasil.
De relevante importância à formação da identidade do povo brasileiro, os índios que lá habitam aprenderam a trabalhar as ferramentas tecnológicas e de informação de nosso século. Povo ordeiro e tranquilo, o local está aberto à visitação pública, desde que avisada com antecedência. Além das áreas de interesse cultural, antropológico, cênicos e ambiental, a aldeia tem a escola E.E.I. “Penha Mitãngwe Nimboea” de educação infantil e EJA (Educação de Jovens e Adultos), inclusive com aulas bilíngues e que funciona em três turnos de aulas.
A aldeia possui acesso à internet via satélite, o que mantém os professores “antenados” não só as outras tribos, mas também aos avanços globais e temas mundiais, regionais e local aos interesses indígenas. A constituição de 1988 assegurou à nação indígena o direito à educação, inclusive diretrizes especificas da Educação Escolar Indígena. Em todo Brasil são pouco mais de 2.500 escolas indígenas distribuídas em 24 estados. Só em São Paulo são 1.500 alunos distribuídos por 30 escolas, onde as aldeias somam aproximadamente 5.000 índios. Nestas escolas os professores passam por capacitação profissional especifica já que as aulas são bilíngues.
Atualmente grande parte dos professores indígenas possui nível superior, como é o caso do professor Awa Kiririndju (Cristiano de Lima Silva), formado em pedagogia pela Universidade de São Paulo. É interessante acompanhar uma aula bilíngue, já que quem mais aprende é o observador, os temas são os cotidianos e as palavras retiradas da localidade.
Com visão a respeitabilidade, ao conhecimento da história da formação do município e do país, ao atrativo turístico e cultural, especialistas apontam várias vantagens a inserção na grade curricular escolar a temática sobre a história indígena, principalmente em Ubatuba que é celeiro de importantes acontecimentos com esta primeira população. A escola tem potencial para vários projetos educacionais e de pesquisa, o que traz para região, investimentos e colaboração científica. Estudantes e especialistas cada vez mais procuram temas relacionados à formação do povo brasileiro, não só em relação a cultura indígena como também sobre os quilombolas e comunidades tradicionais.
Na década de 1970, havia um pensamento de que o desaparecimento da população indígena seria inevitável, felizmente nos anos seguintes o quadro mudou, com um crescimento de 3,5% ao ano, a população indígena aumentou e continua a lutar para manter suas terras e costumes. Segundo estudos do antropólogo Darcy Ribeiro, existiam 6 milhões de indígenas e mais de mil etnias em 1.500, hoje são cerca de 550 mil índios distribuídos em 230 grupos, que falam 180 línguas diferentes.
O Vice Cacique, Awa Aridjú (Donizete Machado), cujo significado do nome é o “homem do tempo”, relatou sobre a importância da pintura corporal, seja em caso de guerra, festividades e nos rituais de purificação e transformação. Segundo Aridjú, as pinturas para os homens são mais brutas e das mulheres mais singelas e detalhadas, cada desenho tem um significado e cada significado um sentimento.
O documentário a seguir mostra um pouco da história e cultura do povo da Aldeia Renascer:
O artesanato é rico em detalhes e nos remete a origem e a necessidade da tribo, e cada peça produzida tem um rito a começar pelo tempo de retirada do material. Como eles seguem ainda o calendário natural, a matéria prima é estudada e colhida no tempo, tamanho e necessidade certa para a sua transformação. Aridjú acrescenta que existe a troca de material entre as tribos, como no caso deles, que trocam madeira e cipó com penas e outros adornos com os índios do Xingu.
Toda esta relação mantém não só a amizade e a confiança entre os povos, mas mantém laços fraternais muito importantes a manutenção da cultura indígena. Na Aldeia Renascer é possível avistar plantações realizadas pelos membros da aldeia, são pés de palmito pupunha, mandioca, abacaxi e banana em grande roça e pequenas outras culturas no entorno das residências, como algumas plantas medicinais.
“A força indígena vem da cultura, espiritualidade e da terra. Um povo que não tem cultura, não tem identidade. Um povo sem espiritualidade, não conhece a natureza. Um povo que não tem terra, morre!” Marcos Terena, membro da cátedra Indígena itinerante, diretor do Memorial dos Povos Indígenas na Organização das Nações Unidas – ONU.
Fonte de Informações:
https://fundart.com.br/tradicao/comunidades/indigenas/
https://www.cpisp.org.br/etnodesenvolvimento/html/aldeia.html
https://aldeiarenascer.blogspot.com.br/
http://www.maranduba.com.br/aldeiacorcovado.htm