A globalização avança em ritmo acelerado sobre os habitats naturais, principalmente em regiões litorâneas, onde o turismo é a principal fonte de renda. Grandes empresas constroem prédios, resorts, pousadas, hotéis de luxo, restaurantes, e todo tipo de investimento imobiliário que possa lhes garantir algum lucro futuro, oferecendo serviços de hospedagem, alimentação e turismo.
O problema é que, com o avanço desenfreado e alta procura por esse tipo de serviço, houve um aumento no consumo dos recursos naturais renováveis e não renováveis, como solo, minérios, florestas e recursos hídricos. Além disso, a transformação desses elementos primários em matéria prima começou a gerar um grande volume de poluição, tanto atmosférica quanto de solos e mananciais.
Sem falar na destruição dos ecossistemas onde as mega construções são inseridas e causam problemas como:
- A compactação e asfaltamento impermeabilizam o solo, afetando o abastecimento do lençol freático;
- Aterramento de manguezais, que além de serem berçários da vida marinha, são fundamentais para alimentação e desenvolvimento de diversos organismos, inclusive terrestres;
- Uso de maquinário pesado, que acabam destruindo ninhos, tocas e afastando os animais típicos daquela região;
- Áreas são desmatadas, provocando deslizamentos de terra, assoreamento, entre outros.
Se levarmos em consideração a fauna, a flora e a diversidade de ecossistemas, somos um dos países mais ricos em questões de biodiversidade, e com grandes proporções territoriais. Contudo, a deterioração dos habitats é proveniente das inúmeras intervenções causadas pelo homem ao meio ambiente, processo associado ao capitalismo e consumo desenfreado, que leva a perda significativa no número de espécies animais e vegetais.
Para preservar e proteger as riquezas existentes em nosso país, o Brasil segue a tendência mundial de criar áreas naturais protegidas legalmente, como parques e reservas, onde a presença humana e uso dos recursos naturais são controlados. Além dessas áreas protegidas, existem outros programas que visam a conservação do meio ambiente, como por exemplo, o ecoturismo.
Desenvolvimento sustentável
Antes de falarmos sobre ecoturismo, precisamos entender o significado do termo “Desenvolvimento Sustentável”. Ele foi adotado durante a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. O termo é definido como: “Desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações”.
Embora haja mundialmente um despertar de consciência ambiental, muitas empresas visam somente o lucro, deixando de lado aspectos importantes, como questões ambientais, sociais e culturais. Desenvolver de forma sustentável é o grande desafio do século XXI. Vale ressaltar que todos podemos colaborar para atingir este importante objetivo, seja através de grandes iniciativas ou pequenas atitudes. Abaixo seguem algumas sugestões para que nós possamos estabelecer o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a manutenção do meio ambiente:
- Coleta seletiva de lixo;
- Combate ao comércio ilegal de animais silvestres;
- Reciclagem de materiais (plástico, alumínio, madeira, papel, vidro, etc.);
- Tratamento das redes de esgoto (industriais e domésticos), para que não sejam jogados em rios, lagos, córregos e mares;
- Substituição das sacolas plásticas por sacolas feitas de papel ou material reutilizável;
- Combate ao desmatamento ilegal de matas e florestas;
- Manutenção e preservação dos ecossistemas;
- Valorização da produção e consumo de alimentos orgânicos;
- Descarte correto do lixo (Lugar de lixo, é no lixo!)
- Combate à ocupação irregular em regiões de mananciais.
Essas são apenas algumas sugestões, existem infinitos meios de contribuir com essa causa, basta querer agir e se informar sobre as necessidades da sua região!
Turismo x Ecoturismo
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”, Art. 225, Constituição Federal.
Fonte: Rayssa Pires.
O movimento turístico surgiu com a Revolução Industrial, mas somente em meados de 1950 ele realmente começa a ganhar espaço no mercado financeiro. Atualmente, o turismo é visto como uma excelente fonte de renda, além de estimular melhorias na qualidade de vida da população local e garantir desenvolvimento para a região em questão. Entretanto, muitas vezes ele acaba sendo exploratório, tanto para a comunidade quanto para o ecossistema, como por exemplo quando ocorre:
- A privatização dos territórios dos povos tradicionais e indígenas;
- A exploração sexual e econômica da mão-de-obra e do corpo de mulheres, jovens e crianças;
- A destruição do meio ambiente, principalmente nas zonas costeiras, florestas e regiões protegidas;
- O agravamento da pobreza da população local e a concentração de renda nas mãos de grandes corporações.
Diante disso, surgiu a necessidade de uma nova “modalidade”, o ecoturismo, ou turismo ecológico. Ele é baseado na relação sustentável com a natureza e as comunidades receptoras, comprometido com a conservação, a educação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico. Ganhou visibilidade entre as décadas de 70/80, chamando atenção do setor turístico brasileiro por promover o desenvolvimento associado a preservação.
Naquela época, a intensificação dos problemas ambientais despertou a necessidade de uma conscientização ecológica em escala global. Em 1992, foi realizada na cidade do Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente – ECO 92, evento internacional que propôs diretrizes sobre questões ambientais. Fruto deste evento, temos a Agenda 21 e a Carta da Terra, que podem ser definidos como instrumentos de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, que conciliam métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.
A Agenda 21 e a Carta da Terra foram documentos importantes para nortear a definição, as estratégias e ações contidas no documento “Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo”, lançado em 1994 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e pelo Ministério do Meio Ambiente, em parceria com a EMBRATUR e o IBAMA, que tem por objetivo maior representar o desenvolvimento da atividade ecoturística de forma regularizada, organizada e planejada.
De um modo geral, as diretrizes do turismo no Brasil são direcionadas pelos princípios da sustentabilidade, apresentadas na Lei 11.771 da Constituição Brasileira, que garante a todos o direito de acesso ao meio ambiente. Cabe ao poder público estabelecer instrumentos legais para proteção e conservação dos recursos naturais e o seu uso racional. Mas vale ressaltar que é nossa obrigação perante o meio ambiente, defendê-lo e preservá-lo às futuras gerações, fazendo uso dos recursos de forma consciente. Para saber como se comportar em ecossistemas preservados, o ICMBio publicou uma cartilha chamada “Guia de Conduta Consciente em Ambientes Naturais”, é um guia com 8 regras básicas de comportamentos que são adotados no
mundo inteiro, vale a pena dar uma conferida!
O trabalho ambiental deve fazer com que após uma atividade turística ecológica, o ecoturista saia motivado a formar ou ampliar sua consciência ambiental, preocupado com o patrimônio natural e cultural daquela sociedade. É esse trabalho de educação ambiental e a vivência com a natureza que diferenciam o turismo convencional do ecoturismo, essa necessidade de preservar determinada cultura, ecossistema ou espécies que nele habitam, tudo associado ao desenvolvimento econômico.
No ecoturismo, se observa uma grande variedade de atividades que podem ser desenvolvidas. O turista pode realizar uma trilha; observar a fauna e flora da região; buscar informações sobre a cultura local, ou tudo ao mesmo tempo. Geralmente as atividades são acompanhadas de um guia, para auxiliar o turista a aprofundar seus conhecimentos e facilitar a interação com o ambiente.
A seguir, são apresentados alguns exemplos de atividades oferecidas pelo ecoturismo, de acordo com o perfil do turista: aventureiro ou observador, o guia pode oferecer as que se encaixarem melhor:
- Observação de fauna (relacionada com o comportamento e habitats de determinados animais);
- Observação de flora (permite compreender a diversidade dos elementos da flora, sua forma de distribuição e as paisagens que compõem um bioma);
- Trilhas (podem ter diferentes níveis de dificuldade; deve proporcionar interação com o ambiente e a compreensão da responsabilidade com os recursos naturais);
- Caminhadas (percursos a pé em itinerário predefinido onde o guia explica as características e cultura locais);
- Visitas a cavernas (promove interação com ambientes pouco explorados; as cavernas geralmente servem de esconderijo para espécies com hábitos noturnos);
- Observações astronômicas (observação de estrelas, astros, eclipses, queda de meteoros, em locais com pouca influência de iluminação artificial);
- Safáris fotográficos (itinerários organizados para fotografar paisagens ou animais que podem ser feitos a pé ou com a utilização de um meio de transporte);
- Observações geológicas (consiste geralmente em caminhada por área com características geológicas peculiares e que oferecem condições para discussão da origem dos ambientes, idade e outros fatores);
- Mergulho (pode ser feito com ou sem o uso de equipamentos especiais, em ambientes marinhos ou de água doce, os ecossistemas aquáticos têm forte apelo estético para atração de visitantes e contam com toda a biodiversidade marinha, que reforça o espetáculo).
Ubatuba e o ecoturismo
A cidade de Ubatuba é caracterizada pela sua biodiversidade, são 748 mil metros quadrados de área total, repletos das mais belas paisagens e espécies animais e vegetais. O município conta com três Parques de preservação ambiental, sendo o maior deles o Parque Estadual da Serra do Mar, com mais de 47 mil hectares, onde é possível fazer visitas diariamente. Por ser inserida em uma região litorânea e receber milhares de turistas periodicamente, de acordo com a Prefeitura Municipal, Ubatuba ainda possui um dos maiores índices de Mata Atlântica preservada no Brasil. Suas praias oferecem condições para as práticas de surf, mergulho, pesca, vela e todos os tipos de esportes aquáticos, além de trilhas, caminhadas, mergulhos, camping e outras atividades turísticas.
Para ajuda-los a encontrar um bom guia de ecoturismo, sugerimos:
Ubatuba Ecotur: https://ubatubaecotur.com.br/
Terra das Tribos: http://www.terradastribos.com.br/
Ecotuba: https://ecotuba.com.br/
Itamambuca Eco Resort: https://www.itamambuca.com.br/?utm_source=naturam&utm_medium=link&utm_campaign
Caiçara Ecoturismo: https://www.instagram.com/caicaraecoturismo/
Existe também o aplicativo do “Curiosidades de Ubatuba”, onde você encontra dicas de guias e agências de turismo, atividades de ecoturismo, informações sobre as praias, trilhas e cachoeiras, como chegar nelas, e ainda monta seu roteiro com as atividades de seu interesse. É só entrar no APP Store do seu celular e baixar, é fácil, rápido e gratuito!
Artigo técnico escrito pela Bióloga Heloá Borges
e-mail: h.borges767@gmail.com