A Praia Vermelha do Sul está localizada na região sul de Ubatuba, numa pequena enseada da Baía da Fortaleza, protegida de ondas maiores pelo promontório existente entre a Praia Vermelha do Sul e a Praia do Costa.
Seu acesso é pelo Km 68 da rodovia Rio-Santos (BR 101), mesmo caminho que conduz para as Praias Dura, Brava do Sul, do Costa, Brava da Fortaleza e da Fortaleza. Após a entrada para Praia Dura e percorrendo alguns minutos, por uma “estradinha” asfaltada, estreita com vista maravilhosa, chegamos ao local.
A Praia Vermelha do Sul é conhecida também como Praia Vermelha dos Arquitetos, ou somente Praia dos Arquitetos, devido às suas belas residências, cujas fachadas se destacam nas costeiras arborizadas, em meio à mata preservada. Se seguirmos para seu canto esquerdo, subindo a costeira alcançamos uma pequenina praia, pouquíssimo conhecida chamada de Prainha da Vermelha do Sul ou Praia do Amor Perfeito.
Este condomínio ecológico, mantém um “código de ética urbanística” nas construções, e a praia vista do mar, parece totalmente desabitada, desta forma conservando o visual, a fauna e a flora nativa.
De grande beleza, com cerca de 400 metros de extensão, a Praia dos Arquitetos transmite paz e tranquilidade, é uma praia de tombo, mas suas águas são calmas, com boa visibilidade, areia fofa e avermelhada, com uma orla cercada por jundús e arvoredos, garantindo uma boa sombra. Ideal para se banhar, mergulhar, praticar snorkleling, windsurfing, jet ski, SUP e wakeboarding.
A filmagem aérea a seguir, mostra um pouco mais da beleza do lugar:
Esta praia é um exemplo de preservação ambiental, tem cerca de 250 casas construídas dentro do condomínio. Uma forma de percorrer rapidamente a extensão da praia, é por uma trilha que existe paralela a faixa de areia, local onde é comum encontrar pássaros nativos da Mata Atlântica, borboletas raras, esquilos, lagartos, macacos, tatús e saruês. Uma obrigação dos proprietários é manter seus muros de divisão de lote, com cercas-vivas.
Esta cláusula, fez com que cada um plantasse cerca de 1.000 mudas em cada lote. Se multiplicarmos pelos 200 lotes espalhados, teremos o total de 200.000 plantas, além das muitas árvores nativas que continuam embelezando a região Algumas das proibições do local são construir muros e estabelecer hotéis ou restaurantes.
História
As terras da Praia Vermelha do Sul, cerca de 200 alqueires, eram ocupadas até 1957, por famílias de caiçaras, com o plantio de bananas e mandioca, além da criação de alguns animais. Neste ano, o topógrafo lituano Leon Sisla e sua esposa Olga, levados ao litoral norte por Bráulio Santos (um ilustre filho de Ubatuba), acabaram adquirindo as posses das diversas famílias ali então residentes. Nessa época ainda não existia a rodovia Caraguatatuba-Ubatuba, a SP-55, que só veio a ser construída em 1967. O casal Sisla já havia adquirido a Praia das 7 Fontes em 1948, onde passava as temporadas de verão. Outra curiosidade, é que o Sr. Leon, foi o responsável pela abertura de muitos bairros na capital de São Paulo, incluindo o bairro do Morumbi.
A aquisição das posses da Vermelha do Sul, foi regularizada através de um processo de usucapião proposto em 1952 e concluído em 1968. Com a aprovação do prefeito da época (Sr. Alberto Santos), o Sr. Leon abriu uma estrada de terra ligando a Rodovia Rio-Santos até a Praia da Fortaleza. Até então, somente se chegava a Praia Vermelha do Sul por trilha ou de barco, com grande dificuldade de aportar as embarcações, quando o mar se mostrava revolto.
A palavra sustentabilidade domina debates de arquitetos e urbanistas do mundo todo, e vale lembrar como foi pensada a ocupação da Praia Vermelha do Sul, de natureza excepcional. Segundo relato da Prof.ª Dr.ª Mônica Junqueira de Camargo, trata-se de uma experiência inovadora de conceitos de preservação do meio ambiente.
Em 1969, Leon Sisla iniciou o loteamento das terras e na época, procurou o arquiteto Carlos Lemos que trabalhava na Engenharia Sanitária no Departamento de Saúde, onde era examinador de loteamentos, para a aprovação de uma proposta que, segundo sua avaliação, destruiria grande parte da vegetação. Com os comentários de Lemos, Sisla refletiu melhor e resolveu pedir a ele um novo projeto, com melhor implantação dos lotes.
Lemos adotou um partido que preservava o máximo possível a vegetação natural à beira-mar, o jundú, na encosta do morro e nas faixas que beiram os riachos. Conforme lembra, “só tiramos o necessário, tanto que hoje, exceção feita a algumas poucas ocupações realizadas fora dos padrões e normas estipuladas, a área parece estar no seu estado natural e o loteamento se confunde com o morro preservado”.
Por meio de normas para a construção, como recuos, taxas de ocupação, gabarito, reservatório e captação de águas pluviais, o loteamento se tornou um empreendimento altamente ecológico e muitas das suas qualidades se devem à Olga Sisla, mulher de Leon Sisla, que cuidou pessoalmente da preservação da área assim como de seu reflorestamento com mudas nativas, até seu falecimento em 2005.
Os primeiros arquitetos que se aventuraram a construir em uma área de difícil acesso foram, segundo observa Mônica Junqueira, aqueles que perceberam pelo projeto a qualidade do empreendimento. Para citar apenas alguns, estão ali presentes obras de Sérgio Pilegi, João Walter Toscano, Renato Nunes, Plínio Croce, José Ricardo Gomes, Benno Peremulter, Pepe Asbun e Hebe Olga, responsáveis indiretamente pelo nome com que ficou conhecido esse pedaço do litoral paulista. Lemos foi responsável por vários projetos para clientes, assim como Carlos Bratke, Eduardo de Almeida, Marcos Acayaba, Jorge Königsberger, Samuel Kruchin e outros.
Fonte de Informações: https://www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/157/artigo46070-3.aspx