Localizado na região da Ponta Grossa, cerca de 3 km do centro da cidade, o Cais do Porto, é popularmente conhecido como “Caisão”.
O acesso ao Caisão é a partir do trevo do bairro do Itaguá, por uma sinuosa “estradinha” asfaltada, que leva o nome de uma das personalidades de Ubatuba, o professor Joaquim Lauro.
O rápido percurso sempre com vista para o mar, passa por um pequeno porto, com várias embarcações coloridas de pescadores antes de chegar ao “Caisão”.
O visitante tem um dos visuais mais bonitos de nossa cidade, uma visão privilegiada da baía de Ubatuba.
Ao lado do Caisão, temos uma das praias catalogadas de Ubatuba que é a Prainha do Cais, como é conhecida, sendo de pequena extensão, areia compacta e com muitas pedras.
Com a maré cheia, a praia desaparece, e uma das curiosidades desta pequenina praia é a presença constante de tartarugas marinhas.
Apesar de ter uma placa de proibida a entrada por conta do risco de desmoronamento, os frequentadores ignoram e continuam a usufruir do local. Que pena, este monumento que faz parte da história de Ubatuba merece ser restaurado e preservado.
Chegando ao píer presenciamos banhistas pulando de sua plataforma, e é um local ideal para apreciar o pôr-do-sol, mergulhar e muito concorrido para a pesca, em especial do peixe-espada.
Vejam esta breve filmagem realizada por Gabriel @gabrielsurflife:
História
O Caisão faz parte da história da cidade, pois no passado, neste local era escoada grande parte das mercadorias vindas do Vale do Paraíba e Norte de Minas, que desciam a Serra do Mar em lombo de burro. Outro fato marcante na história foi o projeto de uma ferrovia interligando o Cais do Porto ao Vale do Paraíba, a grande repercussão no início do século XX, mas questões políticas faliram o empreendimento.
Adhemar Pereira de Barros, em seu primeiro governo como interventor em São Paulo de 1938 a 1941, construiu em 1940, os portos de Ubatuba e São Sebastião e iniciou a construção de um grande entreposto de pesca em Santos, inaugurado em 1947.
O cais de Ubatuba teve dois projetos para a construção um de H.G. Penteado em 1940 e o segundo feito por Ciro Falcão projetado em 1940, escolhido em 1941 e suas pilastras foram confeccionadas no Rio de Janeiro.
Um pouco da história do Caisão contada por Aldir Rocha
Apesar de ter morado por mais de trinta anos no Cais, onde meu falecido pai era o responsável administrativo por toda aquele área, exceto a fábrica de gelo, não tenho precisão de datas. Nos mudamos do centro para a área em 1962, tinha 1 aninho apenas, mas o que posso acrescentar sobre o local é o seguinte: Toda aquela área pertencia a família de meu pai, onde nasceu e viveu até se tornar adulto, porém, devido ao interesse do Estado em dar um incremento nas atividades pesqueiras da época, este fez uma permuta com minha família e ficou com a propriedade.
Para o objetivo foi construído a fábrica de gelo, com concessão à CEAGESP. O prédio em frente ao acesso ao cais, um local para armazenamento e apoio de estruturas pesqueiras, tais como redes e equipamentos. A edificação onde hoje é um apoio de estrutura e acomodações para pesquisadores e estudantes, era um salão de festa, de pavimento único para atividade de integração social e eventuais reuniões para os pescadores, e por fim, a casa onde morávamos que também era utilizada para a parte administrativa, onde hoje estão as instalações do instituto de pesca.
Na época o volume de pescado, em especial, a sardinha, era de toneladas diárias, o que justificava a fábrica de gelo e a estrutura de abastecimento de água potável que era captada em nascentes próximas, que ainda existem, de certo abandonadas, na área. Também dávamos apoio de transporte e a aquisição de alimentos (Rancho) com utilização de linha telefônica disponibilizada gratuitamente.
A construção do posto de gasolina que se minha memória ajudar, foi construído no inicio dos anos 80, pelo então, Fiovo Frediani, atendia basicamente os barcos de menor porte que se utilizavam basicamente à pesca de Camarões, devido a localização e nível da água não atender aos maiores, que se destinavam a pesca da sardinha. O instituto de pesca basicamente desenvolvia suas pesquisas na ilha Anchieta, e com a cessão da ilha para o TAMAR, passaram a realizar suas tarefas no cais, onde surgiu a criação de mexilhão, que creio ter se extinguido devido a roubos noturnos e vandalismo.
Quanto a extinção das demais estruturas, obviamente se deu devido à crescente escassez da sardinha, onde não havia controle sobre sua pesca. Espero ter contribuído e caso tenha cometido algum engano de informação, favor quem conhecimento tiver, corrigir.
Aldir Rocha (https://www.facebook.com/aldir.rochadossantos) escreveu no Grupo de Facebook: Memórias de Ubatuba – Retalhos Históricos (https://www.facebook.com/groups/135386520332002)