Os impactos ambientais causados pela atividade pesqueira tomam proporções alarmantes com o passar dos anos e a falta de fiscalização. Dentre as preocupações dos biólogos e ambientalistas estão: as capturas acidentais, resíduos produzidos e liberados pelos navios, tralhas que são deixadas à deriva, destruição dos corais que são a base dos ecossistemas marinhos, extinção de espécies, entre outros. Toda essa preocupação tem um motivo muito óbvio: os oceanos são fundamentais para a manutenção da vida em todo o planeta Terra.
Eles armazenam recursos minerais como, por exemplo, o cloreto de sódio, mais conhecido como “sal de cozinha”, são responsáveis pela regulação do clima, fornecem alimento e oxigênio, e por sermos a espécie que mais explora e utiliza os recursos naturais, é nosso dever zelar pela sua reestruturação. Devemos cobrar das autoridades responsáveis maiores fiscalizações e leis mais severas para que possamos ter, a longo prazo, um desenvolvimento sustentável, realizando nossas atividades econômicas sem afetar a biodiversidade e o equilíbrio biológico.
Com o passar dos anos, o ser humano desenvolveu habilidades e tecnologias que permitiram a ele acesso a todos os ecossistemas, onde foi possível a exploração em massa dos recursos naturais renováveis e não renováveis, muitas vezes desrespeitando o tempo natural de reprodução das espécies. A população humana vem aumentando gradativamente e a quantidade desses recursos não aumenta na mesma proporção para acompanhar a crescente demanda. Quando se fala em pesca, é preciso entender que existem dois tipos: a pesca tradicional, ou artesanal, e a pesca industrial.
Pesca Tradicional
A pesca tradicional ainda é vista em muitas culturas como meio básico de sobrevivência. É aquela praticada pelo pescador autônomo desembarcado, ou em pequenas embarcações junto à costa, utilizando de técnicas próprias de cada indivíduo. Esse tipo de pesca pode ser com ou sem fins lucrativos, ou seja, a pessoa pode obter sua renda a partir dela ou pescar apenas por hobby.
Entretanto, apesar de parecer inofensiva à primeira vista, se não tiver o apoio dos órgãos responsáveis pelas fiscalizações, esse tipo de atividade gera grandes impactos ambientais, como por exemplo a captura de espécies ameaçadas de extinção e o desrespeito com áreas ou períodos de pesca proibidos, que podem acarretar na devastação de habitats inteiros. No Brasil, muitas famílias tiram seu sustento desse tipo de pesca e, mesmo os que atuam de forma consciente, são prejudicados com a má conduta de quem age de maneira ilegal.
Pesca Industrial
Já a pesca industrial, por sua vez, é realizada em grande escala, com barcos equipados de sonares capazes de localizar cardumes de peixes a quilômetros de distância, redes de malha fina de alta qualidade, inúmeros pescadores profissionais em uma mesma embarcação e é praticada em alto mar. Essa, sem dúvida, é a pesca que representa maior relevância econômica para os países, porém é a que mais acarreta prejuízos ao meio ambiente. Os arrastões com as redes devastam habitats inteiros, como os recifes de corais, que servem como abrigo e criadouro de muitas espécies, sendo importantíssimos na manutenção da vida marinha.
Na maioria das vezes, os navios pesqueiros deixam um rastro de poluição nos mares, como as redes de malha fina, cordas, arpões, anzóis entre outros materiais, sem falar na quantidade de óleo e combustível que sai dos motores e podem contaminar ecossistemas marinhos inteiros. Você provavelmente já deve ter visto imagens de tartarugas que têm seus cascos deformados ou morrem enroladas por redes deixadas à deriva, ou então registros de aves com as penas sujas de óleo no meio do oceano que não conseguem voar, nem manter a temperatura corporal e também acabam morrendo. Devido à pesca industrial, muitas espécies estão sendo ameaçadas de extinção. Em contrapartida, temos a superpopulação de outras, o que reflete um grande desequilíbrio ambiental de difícil recuperação, afetando todo o ecossistema marinho.
Tentativas
Uma das tentativas de amenizar a retirada de espécimes dos oceanos ocorre com a aquicultura, que é a criação de peixes, crustáceos, moluscos, anfíbios, entre outros, em tanques artificiais. Entretanto, essa técnica também é muito prejudicial, levando em consideração que tudo é feito de modo artificial. Utilizam-se muitos medicamentos e produtos químicos para tratamento de doenças ou até mesmo para acelerar o processo de ganho de peso e tamanho dos animais para comércio, e muitas vezes o efluente resultante dessa atividade não é tratado, sendo despejado diretamente no meio ambiente, contaminando rios e mares. Esses poluentes afetam desde a reprodução até o desenvolvimento das espécies marinhas.
Outro problema da aquicultura é quando ocorre fuga dos criadouros, as espécies cultivadas fogem acidentalmente e invadem áreas onde são consideradas exóticas. Por não serem típicas daquela região, elas não encontram competidores ou predadores, o que facilita sua ocupação no ambiente, ameaçando as outras espécies nativas. Um bom exemplo disso é o tucunaré, peixe que foi muito utilizado em técnicas de reprodução em cativeiro mas foi solto no meio ambiente e se adaptou ao local onde foi introduzido, desenvolvendo grande potencial de dispersão e reprodução, causando desequilíbrio entre plantas e outras espécies.
Soluções
As espécies marinhas reduzem drasticamente com o aumento das irregularidades na atividade pesqueira, sendo preciso buscar medidas que resolvam o problema como um todo. A solução mais plausível seria a prática da pesca sustentável e consciente, mantendo o ambiente marinho livre de poluição ou detritos e, acima de tudo, respeitando as diretrizes da Legislação Pesqueira.
Além disso, a criação de programas de conscientização social seria outra alternativa. Os pescadores precisam ser alertados sobre o impacto que a pesca tem no meio ambiente e como lidar com a captura de espécies sem valor comercial. A população, de um modo geral, deve ser orientada a questionar sobre a origem da mercadoria consumida e evitar o consumo excessivo de determinadas espécies que já estão sendo ameaçadas de extinção.
Se levarmos em consideração que os oceanos representam 71% de toda superfície terrestre e que é deles que obtemos a maior parte do oxigênio disponível, será fácil perceber a gravidade do problema causado pelos impactos da pesca no meio ambiente. Cabe a nós exercer nosso papel como sociedade, agindo independente das fiscalizações e leis, com consciência e responsabilidade, mas também devemos cobrar das autoridades políticas públicas para que a atividade pesqueira seja realmente fiscalizada, atuando dentro da legislação, e que os peixes que chegam à nossa mesa tenham ótima procedência e qualidade. Desenvolver de forma sustentável é um dever de todos!
Artigo técnico publicado em: https://www.bioicos.org.br/post/atividade-pesqueira-e-seus-impactos-no-meio-ambiente
Autores: Heloá Borges, Raphaela Duarte, Thais R. Semprebom e Douglas F. Peiró
Referências Bibliográficas:
DÜPPRÉ, M. O que é pesca artesanal? Cardume Brasil. Disponível em: <https://www.cardumebrasil.blogspot.com.br/2010/03/o-que-e-pesca-artesanal>. Acesso em: 16 abr. 2018.
FERNANDES, E. Impacto da pesca industrial. Impacto Ambiente Marinho. Disponível em <https://impactoambientemarinho.blogspot.com.br/2010/07/impacto-da-pesca-industrial.html>. Acesso em: 16 abr. 2018.
EMBRAPA. Pesca e aquicultura. Embrapa. Disponível em: <https://www.embrapa.br/contando-ciencia/pesca-e-aquicultura/-/asset_publisher/pzk4tXFfiHGh/content/o-que-e-aquicultura-/1355746?inheritRedirect=false>. Acesso em: 22 abr. 2018.