Conheça a história do respeitado Professor Joaquim Lauro, (Joaquim Lauro Monte Claro Neto), que dá nome à estradinha que leva até o Cais do Porto (Caisão). Cidadão natural de Lorena, SP, foi para Ubatuba para lecionar, sendo professor e diretor no Colégio Esteves da Silva e grande incentivador das corridas de canoa. Foi um dos responsáveis pela travessia de canoa Ubatuba-Santos. Esses são alguns exemplos das ações deste personagem de Ubatuba, cidade que adotou até o fim da vida junto com sua esposa Dona Zezé.
O Prof. Joaquim Lauro nasceu em 16/02/1917, filho de João Monte Claro e de Maria Cândida Marcondes Monte Claro. Formou-se professor em 1941 na Escola Normal “Patrocínio São José “, e iniciou suas atividades profissionais ainda estudante na Fábrica de Pólvora de Piquete (Embel), onde trabalhou no núcleo de zootecnia, posteriormente tendo ingressado no magistério, e lecionado em Registro (litoral sul do Estado de São Paulo) e Marília.
Casado com Maria José Gomes Monte Claro e com seu primeiro filho Joaquim Lauro, mudou-se para Ubatuba em 1948, por indicação do professor Máximo de Moura Santos que também já havia se encantado com as belezas locais, e previu que o jovem professor também se renderia aos encantos da cidade praiana. Nos primórdios de 1948, o professor Joaquim Lauro além de lecionar em escolas isoladas ainda exercia ofícios paralelos, na busca de facilitar a vida de seus alunos e familiares, aplicava injeções receitadas pelos médicos em moradores do Itaguá para que não precisassem ir até a cidade Em algumas circunstâncias, ele e seus colegas eram chamados para atuar como “advogado” em crimes de pequena monta na defesa dos réus, a pedido do juiz de direito.
O Prof. Joaquim Lauro, lecionou e foi diretor no então Grupo Escolar Dr. Esteves da Silva, e no Altimira Silva Abirached, onde além das funções inerentes ao seu exercício profissional ele sempre estimulou a formação de hortas nas unidades escolares e a isso facultava que os alunos “roubassem” as cenouras replantando só a rama para disfarçar. Anos mais tarde, assisti um destes alunos perguntar a ele se nunca desconfiara do que acontecia e ele matreiramente responder – “Você gosta de cenouras até hoje?” O marmanjo respondeu _ “sim” e ele retrucou – “Consegui o que eu queria”. Sem resposta ficou o aluno que caiu na risada. Uma vez os alunos se sentiram vingados das artimanhas do professor, foi quando ele caiu no rio da Barra da Lagoa de moto, e chegou para dar aulas encharcado da cabeça aos pés.
Habilidoso o professor fazia e ensinava vários trabalhos manuais, aproveitando os recursos cedidos pela natureza e lecionou esta matéria no Ginásio Estadual Capitão Deolindo de Oliveira Santos, bem como ensinou também Educação Moral e Cívica. Perfeitamente integrado ao bairro onde morava, o professor toda a tarde ia à Praia do Itaguá, onde observava os pescadores do bairro chegar das tarefas diárias e antes de encerrar as suas atividades os remadores aparelhavam suas canoas e diziam: – “Vamos porfia?” (disputar uma corrida) e assim se desafiavam nas águas da baía.
A partir daí os professores Joaquim Lauro e Enesmar de Oliveira, seguidos de perto por outro rapazote chamado José Odail, criaram a corrida de canoas caiçaras. Esta corrida era feita com canoas de trabalho dos pescadores e tinha como premiação utensílios diversos que propiciassem melhoria das condições de vida dos concorrentes. Durante muitos anos o grande patrocinador das premiações foi o Sr “Cicillo” Matarazzo que depois viria a ser prefeito de Ubatuba.
Com o tempo a corrida foi se transformando com canoas feitas especialmente para a competição, e com a inclusão de novas categorias como a feminina e a de turistas, e a premiação foi estendida aos últimos lugares que recebiam seu vidro de Biotônico Fontoura. Novos desafios se apresentaram aos campeões que faziam novas canoas, e remavam até Santos refazendo a jornada histórica do Cacique Cunhambebe com Manoel de Nóbrega, para assinatura do primeiro tratado de paz do Brasil: “Paz de Iperoig” realizada na canoa Maria Comprida, que se encontra na FundArt.
O Prof. Joaquim Claro faleceu aos 80 anos em Lorena, sua cidade natal, em 15/07/1997, e atualmente cede seu nome à estrada que leva ao cais do porto, Estrada Municipal Prof. Joaquim Lauro Monte Claro Neto.
Fonte das Informações:
Sra. Maria Joana Monte Claro (Segunda filha do Prof. Joaquim Claro), Assistente social, aposentada pela Prefeitura de Ubatuba.
Sr. João Paulo Monte Claro (Neto do Prof. Joaquim Lauro).