A Praia da Lagoa faz parte da Trilha do Saco das Bananas, tem o formato de “ferradura”, é de tombo, não abrigada e suscetível a mudanças bruscas de marés, já que está de frente para o mar aberto. Possui areia branca, grossa e com muitas conchas, e seu nome deve-se à existência de uma enorme lagoa no lado esquerdo da praia.
É possível chegar bem próximo a Praia da Lagoa de carro, partindo da Praia da Ponta Aguda, por uma estradinha estreita, recomendada para carros com tração 4×4, deixando o veículo no final da estrada, seguindo a pé por mais cinco minutos até a praia. Outra forma de chegar a Praia da Lagoa é por trilha, com cerca de 600 metros, que se inicia no canto esquerdo da Praia Mansa.
A região pertence a uma antiga fazenda colonial, onde os traficantes escondiam ilegalmente os escravos e usavam o café como fachada de negócios. Estando no limite de uma área reconhecida como o primeiro Quilombo do Litoral Norte, o da Caçandoca.
As águas da Praia da Lagoa, são por vezes verde-claras, por vezes azuis e o estrondo das ondas, é um espetáculo a parte. A mata que protege a frente da praia, respeita o repouso intacto do jundu. O mar é mais agitado em seu canto direito, as espumas levantam-se por conta das ondas estourando nas pedras, e causam um atrativo diferenciado.
No canto esquerdo da Praia da Lagoa, o mar é mais calmo e tem uma particularidade, uma enorme lagoa de água doce, que se forma imponente e maravilhosa, separada do mar apenas por uma faixa de areia de três ou quatro metros. Nesta lagoa é possível observar tartarugas marinhas e espécies raras de peixes e aves, por exemplo como o Carapicu (Eucinostomus gula), um tipo de peixe parecido ao lambari, mas que também vive em água salgada.
A lagoa transforma-se numa piscina particular, ideal para tirar o sal do corpo e descansar em período de sol mais intenso. Lindo também é a vegetação que cobre a lateral do caminho até a Praia da Lagoa, são jardins de bromélias (bromelia ceae) e caraguatás (Bromelia pinguin), sendo fácil ver pegadas de aves e animais em busca de sombra, água e frutas como o araçá e o maracujá.
História – Fazenda era porta de entrada para o tráfico de escravos
Beleza natural à parte, por trás do Jundu e pela trilha, é possível avistar um lindo jardim de sapé e flores tropicais, vestígios de casas e de algumas pilastras erguidas. Mas, ao caminhar em direção ao centro da fazenda, em meio a mata, avistamos uma grande estrutura que teria sido um imenso porão construído por peças de pedras coladas com conchas moídas, misturadas a areia e óleo de baleia. É assim que está guardada uma das últimas joias de estrutura arquitetônica surpreendente: ruínas, marcas do tempo da escravatura, do processo civilizatório e da formação genealógica de nosso país. A estrutura lá existente nos remete ao um passado triste de exploração e sofrimento.
A construção impressiona pelos detalhes arquitetônicos, o local escolhido, os detalhes de encaixe das madeiras, reboco (novidade para a época), a disposição dos espaços, a organização das salas, a saída e a entrada do local, o desenho que esconde os porões e a proximidade da lagoa, onde os traficantes afogavam os negros secretamente e depois enterravam ou lançavam ao mar seus corpos. Segundo estudiosos, a fazenda era realmente uma fachada para o tráfego negreiro. Eram trazidos na maioria homens que ficavam presos no porão da grande casa, que é o que sobrou, o que vemos hoje.
Os negros que eram negociados, eram vendidos a peso de ouro e havia escolha até para os tons de negro da pele, quanto mais escuro mais caro. Observavam seus dentes, as canelas, que quanto mais fina mais valor tinham para venda.
Tem-se informações que o penúltimo proprietário da fazenda foi Carlos José Robillar, natural da Ilha de São Domingos, França. Ao que tudo indica chegou ao Brasil entre 1821 e 1822 para adquirir um tanto de terras. Chegou com a condição de lavrador proprietário. Entre 1823 e 1824 teve como sócio um tal de Glucht, que aparece como agregado de Rubillar em 1825. O feitor de Robillar foi Pacifique Guiamon, que veio a falecer em 1827. Em 1829 sua propriedade consta em nome de sua mãe Dona Catarina Francisca Robillar. Em 1830, a fazenda aparece novamente em seu nome e seu feitor é Elias Romeira.
O último proprietário a que se tem notícia foi Bernardino Antunes de Sá, que por volta de 1858, trouxe de Minas Gerais José Antunes de Sá, um parente para comprar outra fazenda, a da Caçandoca. Em 1850, com a aplicação da Lei do Abate de Navios, de Euzébio de Queiroz, muitos traficantes de escravos utilizaram rotas alternativas para vender negros ao planalto. Na região da Maranduba ainda constam às trilhas do Campo, Água Branca e da Pedra Preta, do Sertão da Quina do lado de Ubatuba, e outras do lado de Caraguatatuba, como a subida até Pouso Alto e do Poço Verde.
Vejam também esta bela filmagem aérea realizada por Gilmar de Oliveira
( https://www.youtube.com/user/justerbr/featured)
Fonte de Informações: https://www.maranduba.com.br/praiadalagoa.htm