O Corpo Seco

O Corpo Seco

A lenda do Corpo Seco narrada por José Ronaldo em Coisas de Caiçara
Os mais velhos contam histórias de corpos secos. Eles estão em vários lugares de Ubatuba, inclusive em algumas das ilhas. O velho Sebastião Rita, natural da Praia do Itaguá, contava de um que ficava na Barra da Lagoa, por volta de onde hoje é o aquário, bem na região central. Trata-se de um caso horrível. Encerra uma moral para a educação em família. Ouçamos então:

 “Corpo seco existe, meu filho! Eu mesmo não vi. É como diz a minha velha: ‘Deus não me chame por testemunha porque não vi…Me contaram’. Mas muita gente dá testemunho e nunca mais se esqueceu do que viu. A história eu sei sim. Era gente que morava na Jundiaquara: um casal com dois filhos. O mais velho não demorou muito para ir para Santos em busca de trabalho que pagasse; o caçula, o tal de Bernardino “Dindico” ficou com os pais.

O Corpo Seco - Ilustração
O Corpo Seco – Ilustração

Do jeito que foi criado, nas regalias de caçula, Dindico tomou o caminho das jogatinas e das bebedeiras. Os pais, já de idade, sofriam com isso. Até a quantia enviada de vez em quando pelo filho mais velho para aliviar o viver deles acabava surrupiado, de forma violenta, para alimentar o vício do vadio. Para envergonhar ainda mais os pais, o pilantra de vez em quando dormia na cadeia por perturbar a ordem pública. O pai logo adoentou de vez.  De nada adiantava as súplicas da mãe.

No clarear de uma sexta-feira, a mãe pediu-lhe, após juntar algumas moedas, para ir à cidade comprar remédio porque o pai agonizava. Os olhos do Dindico brilharam ao ver aquilo. Saiu xingando todo mundo, chutando os bichos, mas foi. Passou o resto daquele dia, passou o sábado…Somente no domingo, já na virada da tarde, é que o miserável chegou batendo a porta e destampando panelas porque estava faminto. A mãe chorava. Na pequena sala alguns da vizinhança velavam o defunto. Dindico olhou para o corpo amarelado e disse: ‘Morreu? Que morra! Antes ele do que eu!’. E deu meia volta para ir de novo para um jogo de truco na Venda do Tião Giró. A mãe insistiu chorando para que ficasse e ajudasse a levar o falecido até o cemitério. Tudo inútil.

Chegando na roda de colegas, foi criticado por não estar velando o pai. A resposta não poderia ser outra: ‘Que morra ele que é mais velho!’. Nisso veio uma tempestade não sei de onde. Alguns disseram que aquilo ‘coisa boa não era’. O dono do comércio, temeroso a Deus, logo tratou de fechar as portas. Dindico perambulou o resto do dia e varou a madrugada pelas poucas ruas da cidade. Pela manhã estava em casa. Chegou xingando a mãe. Não demorou muito para que a velha também caísse de cama. A pouca gente da vizinhança acudia quando podia, mas todos temiam o filho. Ele era violento com todo mundo.

Numa manhã, da camarinha a mulher pediu que lhe trouxesse uma caneca de água. Ele até trouxe, mas foi logo dizendo: ‘Tá com sede? Toma, mata a sua sede e também aproveita para morrer!’. A sofredora só disse isto: ‘Eu morro, mas você não terá sossego nem mesmo depois de morto. Nem a terra há de querer o seu corpo’. Não demorou nada para que a mãe morresse. Em seguida, num ingazeiro que ficava perto de onde morava o Dito Camburi, pegando uma timbopeva, Dindico suicidou-se. Depois de enterrado, uma coisa terrível aconteceu: o corpo não ficava sepultado. A população ficou assombrada. Decidiram colocar o corpo numa canoa e abandoná-lo na Ilha Rapada. Mas quem disse que o mar aceitava o defunto? Era um tal de canoa alagar, de onda apinchar o corpo no lagamar. Então só restou o mangue da Barra da Lagoa. Jogaram ali.

                Passou-se o tempo, veio outra geração e mais outra. Num tempo de Natal, quando duas moças colhiam limo por ali para montar o presépio na Igreja Matriz, ao tocar num toco seco, elas escutaram: “Não arranquem tudo porque eu preciso de agasalho quando vem o frio”. Elas sumiram dali que até esqueceram os balaios. Ao contarem o ocorrido na cidade, os mais velhos se lembraram do ocorrido há tantos anos. Aquele toco era o corpo de Dindico. A praga da mãe pegou. Virou corpo seco”.

O Corpo Seco - Imagem extraída do Blog O Ubatubense
O Corpo Seco – Imagem extraída do Blog Ubatubense

A lenda do Corpo Seco narrada por Odaury Carneiro no Blog Ubatubense
Acharam o corpo na Praia do Cruzeiro, falaram que era o corpo de uma capivara, mas na verdade era o Corpo Seco. Segundo a lenda o “Corpo-Seco” teria sido em vida um homem que brigava muito e espancava a própria mãe. Devido a incrível maldade que havia dentro dele, assim que morreu virou uma criatura maligna que costuma ficar camuflada nos troncos das árvores só a espera de alguma criança malcriada passe distraída perto dele.

Dizem que apesar de sua maldade, o Corpo-Seco, que também é conhecido como “Unhudo”, teria se arrependido de ter maltratado a mãe e por essa razão ele pune todas as crianças que demonstrem teimosia ou que respondam para suas mães. Aqui em Ubatuba, ele ficou vagando por anos e toda vez que ele era enterrado ele volta para a flor da terra, um dia um padre de Ubatuba levou ele para uma ilha, e lá ele ficou até esses dias atrás quando rolou uma conversa do leilão de uma tal ilha, que para facilitar o leilão jogaram o danado no mar, e ele veio para aqui na praia de novo já sumiram com ele ou ele está vagando pelas ruas e praias de Ubatuba??? OBS: Talvez tivesse vindo daí o ditado popular que diz: “Quem bate na mãe fica com a mão seca”. está contado acredite quem quiser rsrsrsrsrsrs

Fontes das Informações:
Narração de Washington de Oliveira (“Seu Filhinho”), extraída do livro “Ubatuba, lendas e outras histórias”
https://ocalafrio.blogspot.com.br/2013/06/a-lenda-do-corpo-seco.html
A lenda do Corpo Seco…. (ubatubense.blogspot.com)
COISAS DE CAIÇARA: O CORPO SECO (coisasdecaicara.blogspot.com)