Uma cratera, possivelmente aberta por um meteoro, é investigada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A cratera tem formato quadrado, cerca de 1,3 quilômetro em cada lado e 300 metros de profundidade. O buraco gigante fica na Serra do Mar, em Ubatuba (SP), e o que intriga os pesquisadores e é alvo do estudo é a idade da formação. Isso porque as bordas da cratera existem há cerca de 5,3 milhões de anos, idade da formação da serra, mas o interior dela tem sedimentos que remontam entre 30 mil e 40 mil anos atrás.
Para avaliar o espaço, os geólogos estão juntando imagens de satélites, em alta e média resolução. “O que foi possível de ser observado é que a estrutura é totalmente diferente com relação à geomorfologia da região da Serra do Mar”, disse Paulo Roberto Martini, geólogo e pesquisador do INPE. Ele disse que fez uma visita de campo na cratera. “Fizemos uma visita ao campo buscando acesso por terra, mas o local estava muito encharcado e não conseguimos entrar nos limites das estruturas”, explicou. Segundo Paulo, como a cratera está em uma reserva estadual, também não é possível entrar na área sem licença.
“Pretendemos, então, abordar a cratera via rio Puruba, que margeia o sítio e talvez podemos encontrar algum córrego que adentre o local. Nossa tentativa será encontrar amostras com deformações ou mineralogias típicas de impacto nos aluviões (areia, cascalho e/ou lama) das margens e mesmo do fundo do rio”, explicou. Segundo Martini, outros pesquisadores mapearam a área da formação e não conseguiram identificar uma origem tectônica da formação geológica, o que aumenta a chance de se comprovar o impacto de um asteroide.
“O impacto aconteceu depois que a morfologia da Serra do Mar foi estabelecida há cerca de 5,3 milhões de anos. A cratera tem 300 metros de profundidade, considerando-se uma boa aproximação de deposição de 1 metro de sedimentos a cada 100 anos, chegaríamos à idade 30 mil ou 40 mil anos atrás. Sabe-se que a cratera do Arizona (EUA), com formato muito semelhante a de Ubatumirim foi datada com 50 mil anos”, disse. A cratera está recheada de sedimentos originados das montanhas ao redor, mas também pode existir sedimentos marinhos. “Se for este o caso, o impacto aconteceu depois do último grande levantamento do nível do mar que ocorreu há 7 mil anos. São hipóteses que estão sendo estudadas”, completou.
Investigação
Os geólogos ainda estão analisando as imagens e estudando os tipos de abordagem adequados ao local para posteriormente começar uma expedição no local. “Uma boa ideia seria percorrer a estrutura com um avião pequeno de asa alta e tomar imagens aéreas de baixa altitude. Alguns perfis do local tomados com filmadoras e máquinas digitais dariam bons produtos para se trabalhar”. Ainda não há previsão para que as expedições sejam feitas.
(*) Colaborou Camilla Motta
Fonte da Informação:
Postado por G1 – Vale do Paraíba e região em 04/10/2015: encurtador.com.br/fmAO5