Para entender as constantes inundações em Ubatuba é preciso falar sobre o funcionamento dos aquíferos (água embaixo de nós que moramos a beira mar e entre rios) e as várzeas. Em algumas regiões, a água subterrânea é encontrada em aquíferos, que são camadas de rochas ou sedimentos que armazenam água. Quando o leito do aquífero é alto, a água pode subir para a superfície, especialmente após chuvas fortes. Isso acontece porque a água precisa encontrar um caminho para escapar.
Nas várzeas, que são áreas próximas a rios, a água flui naturalmente. Quando chove muito, os rios podem aumentar seu volume e, em vez de transbordar, eles simplesmente seguem seu curso natural. No entanto, quando a água de baixo sobe, ela pode causar problemas, como:
Rachaduras no asfalto: A pressão de baixo para cima da água pode fazer com que o asfalto e o solo se quebrem.
Danos em construções: Paredes e muros podem rachar ou se desestabilizar devido à pressão da água.
Inundações: A água pode voltar pelos bueiros e inundar casas que foram construídas em áreas que costumavam ser seguras.
É importante lembrar que os rios têm seus próprios ciclos, influenciados pela lua e pela chuva. Eles não invadem as áreas ao redor, mas fluem naturalmente dentro de seus leitos. As várzeas são parte essencial desse ecossistema, e a água que flui nelas é uma parte natural do ambiente.
Ubatuba, que já foi um manguezal às margens de rios poderosos, enfrenta graves problemas devido à urbanização desenfreada. O bairro do Itaguá por exemplo, sofre com o sufocamento dos rios Acaraú e Tavares, onde as águas da chuva não conseguem drenar por causa da concretização do entorno, e a falta de distanciamento adequado das casas. Essas áreas deveriam ser preservadas para evitar enchentes, e a recuperação da Mata Ciliar(*) é urgente para orientar o fluxo dos rios.
Sem um planejamento urbano adequado baseado em estudos de capacidade de carga, as inundações continuarão. Além disso, o esgoto lançado nos rios compromete a qualidade da água, representando um risco à saúde pública e afetando as comunidades locais. A impermeabilização da várzea, entre serra e o mar, intensifica os alagamentos. O asfaltamento em solo encharcado agrava os problemas de drenagem, por isso o uso de bloquete é mais adequado. Um estudo detalhado do solo é crucial para garantir que a base esteja preparada, incluindo a compactação e drenagem apropriadas.
É imperativo evitar a impermeabilização em áreas próximas a corpos d’água. A preservação e replantio da restinga são urgentes, pois essa vegetação ajuda na drenagem das águas pluviais e melhora a qualidade da água ao reter sedimentos e poluentes. As raízes finas e profundas das plantas facilitam a infiltração da água no solo, reduzindo o escoamento superficial e o risco de erosão e enchentes.
Portanto, preservar a vegetação de restinga(**) é essencial para a drenagem eficiente e a manutenção da qualidade ambiental, contribuindo para um ambiente mais equilibrado e sustentável para todos.
Crédito do texto e informações: Tamoio de Ubatuba
(*) Mata Ciliar
As matas (ou florestas) ciliares é um tipo de vegetação que circunda os cursos de água (rios, lagos, riachos, córregos, etc.). Recebe esse nome pois está associado aos cílios, os quais protegem nossos olhos. A chamada Mata Ciliar trata-se em sentido amplo da mata florestal que margeia os rios e outros cursos de água (córregos e riachos), uma floresta ribeirinha, sendo também muitas vezes chamada de mata de várzea e mata de galeria, embora existam alguns cientistas que usem o termo Mata Ciliar apenas para uma vegetação específica e que se diferencia da mata de galeria. Além das vegetações nos cursos de água correntes, também podem ser consideradas como matas ciliares aquelas que ficam localizadas nas margens dos lagos, olhos d´água e também aquelas vegetações que ficam no entorno das represas.
(**) Vegetação de Restinga
Você já ouviu falar sobre restinga ou jundu? Esses nomes podem soar familiares para algumas pessoas, principalmente em áreas litorâneas, mas nem todo mundo conhece as particularidades dessa vegetação. A restinga é uma vegetação composta por plantas herbáceas, arbustivas e arbóreas, típica de regiões litorâneas arenosas, salinas e que sofrem interferências marinhas.
Fonte de Informações:
Restinga: a vegetação do litoral
Mata ciliar – o que é, importância, conservação – Ecologia – InfoEscola