Flora de Ubatuba – Dorme João

Flora de Ubatuba – Dorme João

A Dormideira ou Sensitiva conhecida como Dorme-Dorme ou Dorme João (Mimosa pudica L.) é um pequeno arbusto perene da América tropical, pertencente à família das ervilhas, e muito comum em Ubatuba e litoral paulista. Sua  característica é se fechar ao ser tocada, sendo o fechamento das folhas uma defesa natural em reação a qualquer tipo de toque, percebido pela planta como um ataque em potencial.

Na base de cada folhinha do Dorme João, existem células capazes de perder água com grande rapidez. Isso acontece quando a planta recebe um estímulo externo, o toque, por exemplo. Nesse caso, dois elementos químicos presentes em seu organismo – potássio e cálcio direcionam a água para um espaço entre as células. Isso faz com que elas murchem, encolhendo as folhas.

Dormideira ou Sensitiva conhecida como Dorme-Dorme ou Dorme João

O curioso é que quanto mais forte o toque, maior é o número de folhas que se fecham. Mas o efeito é temporário, depois de um tempo sem ser tocada, a planta restabelece o equilíbrio de água em seu interior e as folhas voltam a abrir.

Planta dormideira “aprende” e tem “memória”, afirma estudo. Segue matéria publicada na revista Veja:
Biólogos demonstraram que a espécie ‘Mimosa pudica’, conhecida como dormideira ou não-me-toques, é capaz de responder a estímulos de aprendizado.
Conversar com plantas pode não ser em vão. Segundo biólogos da University of Western Australia, uma espécie vegetal não só tem ‘memória’, como se lembra do que aconteceu durante um longo tempo. O estudo, publicado na edição de janeiro da revista Oecologia, demonstra como as plantas são capazes de aprender e de recordar o aprendizado semanas depois.

Mimosa pudica (Getty Images/iStockphoto/VEJA)

Onde foi divulgada: revista Oecologia.
Quem fez: Monica Gagliano, Michael Renton, Martial Depczynski e Stefano Mancuso.
Instituição: University of Western Australia.
Resultado: Os pesquisadores descobriram que as plantas são capazes de aprender e de se lembrar do aprendizado por longos períodos.

Para provar essa tese, a bióloga Monica Gagliano e outros três cientistas usaram a espécie Mimosa pudica, originária da América Central e do Sul e conhecida no Brasil pelo nome de não-me-toques ou dormideira. Quando tocadas, suas folhas se fecham rapidamente, uma estratégia natural de defesa contra predadores. A equipe criou um mecanismo para submeter as plantas a choques que não ofereciam ameaça a sua integridade. Suspensas sobre uma base de espuma, os vasos de dormideira caíam de uma altura de 15 centímetros, deslizando sobre um trilho. O objetivo era descobrir se as folhas poderiam ser treinadas a ignorar o estímulo – lembrando-se de que a queda não oferecia risco algum.

No primeiro choque, as dormideiras fechavam suas folhas e repetiam o gesto em uma mesma queda oito horas depois. Os biólogos então submeteram um grupo de 56 plantas a uma série de 60 quedas, distantes poucos segundos entre elas, repetidas sete vezes em um dia. As folhas habituaram-se ao estímulo, mantendo-as abertas depois de quatro ou seis quedas. Para checar se as folhas não estariam apenas em estado de fadiga, os cientistas experimentaram um tipo de choque diferente. As folhas se fecharam. Após seis dias, as plantas continuaram a não fechar suas folhas quando experimentaram o mesmo choque. E quase um mês depois, quando submetidas novamente às quedas, o fenômeno se repetiu, demonstrando que as plantas se lembravam do que aprenderam um mês antes.

Memória vegetal – A pesquisa muda radicalmente o modo de estabelecer as fronteiras entre vegetais e animais, incluindo a definição de aprendizado como uma propriedade especial de organismos com sistema nervoso. Os cientistas ainda não sabem como as plantas, desprovidas de tecido nervoso, são capazes de aprender e de memorizar eventos. Algumas possíveis explicações estão no processo de transmissão de informação celular por íons de cálcio.

“As plantas não têm cérebro ou neurônios, mas possuem uma rede sofisticada de sinalização de informações em suas células por meio de íons de cálcio, similar ao processo de memorização animal”, afirmam os pesquisadores no artigo. “O que mostramos é que o processo de memorização talvez não necessite de redes e conexões neurais como as dos animais: cérebro e neurônios são apenas uma forma possível, inegavelmente uma solução sofisticada, mas não precisa ser a única para o aprendizado.”

Link da matéria: https://veja.abril.com.br/ciencia/planta-dormideira-aprende-e-tem-memoria-afirma-estudo/
Título original: Experience teaches plants to learn faster and forget slower in environments where it matters