José Vicente Dória da Motta Macedo, ou Da Motta como era conhecido, foi um artista local conhecido pelo seu trabalho como artesão, artista plástico, pintor, escultor e entalhador. Da Motta nasceu 22 de janeiro no turbulento ano de 1932, na capital paulista, filho de José Augusto da Motta Macedo e de Lavínia Dória da Motta Macedo. Teve 4 irmãs e 1 irmão.
A partir de 1943, o jovem “Zéca”, como assim era chamado Da Motta, morou com sua família, em cidades do interior de SP, como Campinas, Botucatu, São Manuel, Jaú, e também em Lorena, onde viria a conhecer sua esposa, Izabel Zanin Macedo. Na época, Da Motta trabalhou na lavoura com seu sogro, plantando arroz.
Quando a situação financeira da família, não se encontrava muito boa em Lorena, decidiu ir para Ubatuba, uma cidade que na época, oferecia perspectivas de uma vida melhor, isso em 1967. Recém chegado à cidade conheceu Dona Idalina Graça, a famosa escritora autodidata, de coração generoso que o acolheu em sua hospedaria. De lá para cá, construiu obra significativa que se perpetuará não só em nossa cidade, mas por todos os inúmeros lugares para onde foi e está.
Da Motta desenvolveu seu trabalho de artista, que possui influências da tradição local de entalhadores e também dos mestres italianos do Renascimento, inspirando-se por exemplo nas obras de Leonardo Da Vinci. Estima-se que mais de 1.200 quadros entalhados da Santa Ceia foram feitos por ele, desde o corte da madeira, geralmente uma tábua com dimensões de 1,20 m por 0,60m, até o entalhe, passando pelo desenho do projeto e a pintura da peça. A maioria das peças eram encomendadas como presente de casamento.
Além dos quadros, as estátuas de santos de Motta estão espalhadas pelas igrejas da Ilha Anchieta (Bom Jesus), São Francisco (Ipiranguinha), São Pedro Pescador (Matriz) e Santa Isabel (Ubatumirim).
Sua produção é eclética e não se tem ideia do número de entalhes e esculturas que já entregou, pois ele atendeu encomendas que iam desde paisagens simples da vida caiçara até santos chineses. Sua arte foi exportada para Rússia, Alemanha, Itália, Canadá, Estados Unidos e Argentina, além de muitas regiões do Brasil.
Da Motta foi um artista muito procurado para produzir obras sacras, para as igrejas do município, igrejas da região e devotos de todo canto do país. Em imagens com 2 metros de altura, para compor altares de igrejas e imagens de 20cm para oratórios, ele trabalhava a proporção e o equilíbrio entre as formas.
O amor por Ubatuba o levou a retratar em suas obras, além de temas religiosos, o cotidiano da cidade e tradições da região. Esculturas com pesca de arrastão, festa de São Pedro, bumba meu boi, carnaval e congada. Muitas das Obras de Da Motta estão disponíveis à venda em lojas de artesanato da cidade que também expõem seu trabalho.
Esculpir imagens de palhaços se tornou uma característica marcante do artista. Após realizar a encomenda de uma escultura de palhaço, não parou mais de produzi-las. Era um dos temas muito procurados pelos clientes e, para os artesanatos, a venda era certa. Costumava dizer: “Quando nasci minha parteira, uma japonesa chamada Toyoko, me mostrou para a lua cheia e pensou que eu me tornaria um grande artista.”
Com 85 anos, Da Motta se despediu de nós em 07 de abril de 2017.
Fonte das Informações:
https://fundart.com.br/artista-de-destaque-e-ser-humano-especial-da-motta-nos-deixou-nesta-sexta-feira/
https://oubatubense.wordpress.com/2018/05/29/simplesmente-da-motta/
https://ubatubense.blogspot.com/2019/01/da-mottaartista-e-artesao-caicara.html