No século XVI, a nação indígena tupinambá se dividia em tribos, localizadas na faixa territorial que ia desde o rio Juqueriquerê, em Caraguatatuba, no estado de São Paulo, até o cabo de São Tomé, no estado do Rio de Janeiro, adentrando ainda pelo interior do Vale do Paraíba, entre os estados do Rio e São Paulo. Cunhambebe, nascido em Angra dos Reis, era o chefe supremo dessa nação. Dotado de grande força física e destemido, era ele quem liderava todas as aldeias desse território.
A presença portuguesa no Brasil, considerada ofensiva pelos valentes caciques e, sobretudo, por Cunhambebe, por causa da ação violenta contra os tupinambá, separando as famílias e causando mortes e escravidão entre os indígenas, foi o principal motivo para que os tupinambá criassem a chamada Confederação dos Tamoios, a qual possuía invejável poderio de guerra.
Na língua dos tupinambá, “Tamuya” quer dizer “o avô, o mais velho, o mais antigo”, por isso essa associação de chefes chamou-se Confederação dos Tamuya, que os portugueses transformaram em Confederação dos Tamoios. Cunhambebe foi eleito chefe e, junto com Pindobuçu, Koakira, Araraí e Aimberê, declarou guerra aos portugueses. Os registros do padre José de Anchieta, indicam que para esta “reunião”, tivemos a chegada de mais de duas centenas de canoas, com mais de 20 indígenas em cada uma, além dos milhares que vinham por terra, provenientes das tribos situadas nas planícies acima da Serra do Mar.
Para garantir sua liberdade, os indígenas se associaram aos franceses, os quais haviam fundado na baía de Guanabara uma colônia antes mesmo da fundação do Rio de Janeiro. Essa colônia, batizada de França Antártica, ameaçava a hegemonia e integridade do empreendimento português e serviria de refúgio para os protestantes fugidos das guerras de religião na Europa.
Se a batalha tivesse acontecido, os portugueses teriam sido arrasados e expulsos do litoral de São Paulo, e os franceses, que dominavam o Rio de Janeiro e se relacionavam muito bem com os indígenas dessa região, teriam tomado a terra brasileira das mãos da coroa portuguesa. A história seria outra. Mas não houve batalha, pois Cunhambebe, assim como todos os chefes tupinambá, selaram um acordo com os portugueses, fomentado pelos jesuítas em 14 de setembro de 1563 e conhecido como “Tratado de Paz de Iperoig”. Depois de uma viagem do cacique Cunhambebe a São Vicente junto com o padre Manoel da Nóbrega, para acerto dos acordos de fim das hostilidades, os índios recolheram os arcos e flechas, em atenção às promessas de paz e convivência com os brancos, garantidas pelos jesuítas.
Cunhambebe era o mais temível dos tamoios. Muito grande, ele tinha força descomunal, coragem sem igual e dureza e ferocidade incomuns. Antropógrafo, gabava-se de ter comido centenas de inimigos. O seu maior prazer era causar terror em seus contrários. Nunca perdoou um português. Conta-se que preferia passar fome caso não tivesse um prisioneiro para o seu banquete. Embora Cunhambebe fosse muito forte e temido, sucumbiu vítima de uma epidemia deflagrada pelo contato com o homem branco, que trouxe doenças contra as quais os indígenas não tinham nenhuma resistência ou conhecimento para promover qualquer cura.
A história, de maneira geral, apresenta Cunhambebe genericamente como uma única pessoa. Contudo, segundo Capistrano de Abreu, um dos primeiros grandes historiadores do Brasil, havia mais de um Cunhambebe, pai e filho. O pai era famoso guerreiro, temido por todos os portugueses, contemporâneo do mercenário Hans Staden e do religioso e escritor André Thevet. O filho, segundo estudiosos, também chamado Cunhambebe, foi contemporâneo de Anchieta e teria ajudado a celebrar o referido acordo de paz, garantindo o êxito do empreendimento português no Brasil. Apresentado como uma única pessoa ou duas, pai e filho, como apontam alguns historiadores, Cunhambebe foi de fato um grande herói brasileiro. Atualmente, seu papel histórico está sendo revisto e discutido para que mereça o devido destaque entre os vultos de nossa história.
Cunhambebe…. Segundo a Wikipedia
(? – 1555) foi um famoso chefe indígena tupinambá brasileiro, autoridade máxima entre todos os líderes tamoios da região compreendida entre o Cabo Frio (Rio de Janeiro) e Bertioga (São Paulo). Foi aliado dos franceses que se estabeleceram na baía de Guanabara em 1555, no projeto da França Antártica. É citado na obra do religioso francês André Thévet Les singularitez de la France Antarctique e na obra do aventureiro alemão Hans Staden “História Verdadeira…”. Noticia-se que o chefe tamoio, em rituais canibais de sua tribo, tenha devorado mais de sessenta portugueses.
Etimologia
Segundo o tupinólogo Eduardo de Almeida Navarro, o nome “Cunhambebe” é derivado do termo tupi kunhãmbeba, que significa “mulher achatada, sem seios, de seios muito pequenos”, pela junção de kunhã (mulher) e mbeba (achatado). Seria uma alusão ao peito musculoso e desenvolvido de Cunhambebe. O escritor Eduardo Bueno, baseado em Teodoro Sampaio, diz que “Cunhambebe” significa “o gago” em tupi, mas tal etimologia é considerada fantasiosa por Eduardo de Almeida Navarro.
Biografia
Segundo Capistrano de Abreu, houve não apenas um, mas dois Cunhambebes: pai e filho. O pai teria sido o famoso guerreiro que Hans Staden encontrou na Serra de Ocaraçu (atual conjunto de morros do Cairuçu, ao Sul de Paraty, na região de Trindade). André Thevet também teria conhecido este Cunhambebe. Faleceu de “peste” (provavelmente varíola) após a chegada dos colonos franceses de Nicolas Durand de Villegagnon à baía de Guanabara.
Alguns anos após a morte deste Cunhambebe, o padre José de Anchieta teria encontrado o Cunhambebe filho em Yperoig (atual cidade de Ubatuba) para as negociações que deram origem ao Armistício de Yperoig, o primeiro tratado de paz conhecido no continente americano, colocando fim à chamada Confederação dos Tamoios, que ameaçava São Vicente e a supremacia portuguesa no sul do Brasil.
Pacificados os indígenas das proximidades de São Vicente, os portugueses atacaram os franceses que estavam instalados na baía de Guanabara, dizimando as tribos tupinambás que ali residiam. O fato se repetiu no Cabo Frio, tendo sobrevivido os tupinambás de Ubatuba, que, fugindo para o sertão ou misturando-se aos colonos em Ubatuba, deram origem aos atuais caiçaras, na região do litoral norte de São Paulo. No início do século XVII, já não havia mais nenhum tupinambá na região do Rio de Janeiro, a não ser os convertidos ao catolicismo e os utilizados como serviçais pelos portugueses.
Fonte de Informações:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cunhambebe
Livro “Perfil dos Tempos” – Editora Bellini Cultural – Autor: Gilberto Martins
(*) Para a palavra “tupinambá” não existe plural,