Você sabia que os tubarões não são tão ameaçadores assim? Todo o medo que se tem deles vem por causa da mídia! Existem apenas duas espécies que podem caçar o ser humano, mas mesmo assim, o homem ainda não é a primeira opção de presa. Descubra mais sobre os ataques de tubarão!
O Ataque
O ataque de tubarão ao homem é um acontecimento absolutamente raro, podendo ser considerado um incidente. Contudo, a possibilidade não é descartada, pois esses predadores podem representar uma ameaça aos seres humanos quando estes entram no ambiente marinho.
No mundo são registrados em média 90 ataques por ano, sendo 12 fatais. Contudo, o potencial de perigo para o homem está muitas vezes relacionado com o habitat do tubarão. Nesse sentido, a maioria das espécies só costuma atacar ao acreditar que seu território foi invadido, sendo que apenas a tintureira (Galeocerdo cuvier) e o tubarão-branco (Carcharodon carcharias) são capazes de, deliberadamente, caçar humanos. Entretanto, o homem não é uma presa apetitosa para essas espécies, caso contrário, quase não haveriam praias seguras ao redor do mundo e os ataques seriam mais numerosos.
Existem diversos fatores que contribuem para a ocorrência dos ataques, como: crescimento populacional humano, tempo que o homem gasta dentro d’água, aumento na abundância de espécies de tubarões, mudança natural ou antropogênica no habitat e comportamento das espécies. Mesmo com a pequena probabilidade do perigo, um ataque de tubarão garante um grande envolvimento da mídia e da preocupação pública, ainda que a maioria dos ataques resultem apenas em ferimentos pequenos.
Desmistificando os ataques
A obra “Jaws” de Peter Benchley e o filme “Tubarão” de Steven Spielberg foram inspiradas pelos diversos casos de ataques de tubarão em um curto intervalo de tempo que ocorreram em 1960. Por serem obras bastante conhecidas, contribuíram para a disseminação do medo de tubarões. A mídia também contribui com a propagação desse medo ao enfatizar o perigo dos tubarões para o homem.
É importante que essa imagem sensacionalista e irreal do tubarão como a fera assassina dos mares seja desmistificada. Das 400 espécies de tubarões do mundo, apenas em torno de 33 já provocaram comprovadamente acidentes com o homem, sendo apenas 18 espécies consideradas perigosas.
Apesar de ter havido um aumento do número de ataques nos últimos anos, os tubarões ainda representam um perigo raro para aqueles que utilizam a água, além de quase não haver fatalidades. Há consideravelmente mais risco de se afogar do que ocorrer um ataque por tubarão. Enquanto a probabilidade de alguém ser atacado por tubarão no mundo é de 1 chance em 300 milhões, ser atingido por um raio é de 1 chance em 1 milhão.
Entendendo criticamente a mídia e tendo uma visão menos sensacionalista das reportagens de ataques de tubarão, pode-se contribuir potencialmente para uma abordagem que visa a conservação, com menor impacto nas espécies marinhas.
Quais espécies mais atacam?
De 1580 até os dias atuais as espécies mais envolvidas em ataques registrados foram: Carcharodon carcharias (324 ataques), Galeocerdo cuvier (111 ataques) e Carcharhinus leucas (100 ataques) – tubarão-branco, tubarão-tigre e tubarão-cabeça-chata, respectivamente.
Tipos de ataque
Os ataques podem ser classificados em diferentes tipos, de acordo com sua natureza. O ataque não provocado é aquele que ocorre em ambiente natural, quando o homem ou seu equipamento encontram o tubarão, sem que haja provocação do ser humano. O ataque provocado ocorre quando o tubarão é pego, preso, lanceado, machucado, acertado ou irritado pelo homem.
Existem também as categorias de desastres aéreos e marítimos e de ataques à embarcações. A primeira ocorre, no geral, em mar aberto quando tubarões atacam vítimas de desastres, mas geralmente não se sabe se a vítima foi morta devido ao ataque de tubarão ou devido ao acidente. A segunda, ocorre quando o tubarão faz contato físico com uma embarcação deliberadamente.
Como evitar o ataque?
Informar-se sobre a área onde irá nadar, surfar, mergulhar ou pescar é a principal forma de prevenção. É sempre importante saber se há riscos reais envolvidos e que atitudes podem provocar um ataque.
Além da informação, é importante:
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nadar, surfar ou mergulhar em grupo, pois os tubarões costumam atacar presas solitárias;
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não nadar muito longe da costa, pois, além de se isolar, está muito longe da assistência, caso necessária;
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não entrar ou permanecer na água com ferimentos sangrando e ter cuidado se estiver menstruando, pois o olfato dos tubarões é bem apurado;
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evitar nadar ou mergulhar:
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em águas turvas, em baías ou estuários;
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onde há descarregamento de lixo ou vazadores de esgoto, pois há alta atividade predatória de diversas espécies;
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áreas de pesca;
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perto de cardumes nas áreas rasas;
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perto de golfinhos e botos que são possíveis presas para tubarões;
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com joias brilhantes ou roupas coloridas, já que a reflexão da luz ao colidir com bijuterias atrai o tubarão, pois a imagem para ele é semelhante às escamas de peixes, além de que tubarões percebem contrastes particularmente bem;
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no período noturno, pois fica mais difícil de enxergar o tubarão e lutar contra ele, além de ser o período o qual os tubarões estão mais ativos e têm maior vantagem sensorial competitiva.
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Como reagir ao ataque?
Caso perceba que um tubarão está próximo a te atacar, não finja estar morto e nem aja passivamente, é recomendado que lute contra ele. Tente parecer maior e mais violento do que ele, assim, o animal desistirá do ataque. Bata em partes do corpo do animal que o machuque, principalmente nas áreas sensitivas: olhos, fendas branquiais e focinho. Quando possível, saia da água rapidamente e busque ajuda. Permanecer na água atrairá outros tubarões.
Há casos no Brasil?
Sim! Mas apesar de, no geral, os índices de fatalidade dos ataques no nosso país serem os mais altos do mundo, em 2017 houve apenas 1 (um) ataque no Brasil, o qual não foi fatal, enquanto que no mundo foram 88 ataques, com apenas 5 sendo fatais.
No Nordeste brasileiro, onde ocorre a maior parte dos casos, o tubarão-cabeça-chata (Carcharhinus leucas) é o principal responsável pelos ataques aos surfistas e banhistas. Metade dos ataques ocorridos no Brasil foram em 1990, devido a diminuição da oferta de alimento disponível e ao aumento das atividades de lazer no mar.
Pernambuco é o segundo estado com o maior número de pessoas atacadas no mundo, perdendo apenas para a Flórida, nos Estados Unidos. Entretanto, é recorde mundial ao considerar o número de fatalidades ou a extensão da área envolvida. Isso ocorre, devido à diversos fatores:
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há muitas ocorrências de espécies agressivas na região Norte e Nordeste do Brasil, como o cabeça-chata e o tintureira;
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houve um aumento no número de surfistas;
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aumento da degradação ambiental da região, como a sobrepesca e o aterro de manguezais, principais fornecedores de nutrientes para a cadeia alimentar costeira;
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despejo de esgotos in natura nos mares, que favorecem a maior concentração de tubarões junto à costa a procura de alimento;
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topografia submarina da região, a qual atrai naturalmente os tubarões de grande porte;
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influência sazonal da região, que altera a salinidade e turbidez da água, atraindo ou afastando o tubarão da costa. Tubarões de grande porte preferem águas turvas e com alta salinidade, que ocorre na estação seca (outubro a fevereiro);
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influência das marés na região, já que as luas cheia e nova provocam maior variação das marés altas, aproximando os tubarões da costa;
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construção do Porto Suape.
Em relação ao Porto Suape, sua construção gerou uma grande degradação ambiental, principalmente em áreas de mangue, e mudanças de habitats, sendo um dos principais fatores contribuintes para o cenário de ataques de tubarão atual nessa área. Para sua implementação, houve o desvio da desembocadura de rios fazendo com que tubarões-cabeça-chata migrassem desse espaço, o qual era um importante habitat para essa espécie, para um habitat alternativo, uma área com intenso uso humano.
Ademais, o porto aumentou a intensidade do tráfego marítimo, atraindo os tubarões para áreas costeiras, pois os indivíduos seguem as embarcações, além de estimular a agressividade desses predadores. Além disso, dejetos dos navios são jogados ao mar, atraindo tubarões para a região do porto, que, posteriormente, seguem as correntes para as praias.
Vilões injustamente
Depois de ler tudo isso, você já deve ter percebido que os tubarões não são vilões, pelo contrário, são muito injustiçados pela mídia sensacionalista. Contudo, é recomendado que se tome atitudes preventivas a fim de não atrair o ataque e, caso o ataque aconteça, não deixe de lutar.
Vale ressaltar que os tubarões são importantíssimos enquanto espécies topo de cadeia para a manutenção da biodiversidade marinha. Além de contribuir para o controle das populações de diversas outras espécies, alimentam-se de animais velhos e doentes. Portanto, têm uma grande importância ecológica para o oceano como um todo.
Então, agora já sabe: esqueça o medo de tubarões, ajude a conservá-los e a acabar com sua má fama!
Postado em https://www.bioicos.org.br/post/ataque-de-tubarao-a-seres-humanos-um-medo-que-deve-ser-desmistificado em 1 Sep 2018 / Mariana P. Haueisen, Julia R. Salmazo e Raphaela Duarte
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