Praia da Caçandoca

Praia da Caçandoca

Quem procura uma praia retirada, tranquila e com uma deslumbrante vista para a baía do Mar Virado, deve conhecer a Praia da Caçandoca. O acesso é feito por uma estrada de terra a partir do Km 77,5 da rodovia Rio-Santos.

Caçandoca
Praia da Caçandoca vista do início da trilha para a Caçandoquinha

No início do trajeto, após passar a entrada para a barra do rio Maranduba, temos um “belvedere” natural, com vista para a baía da Maranduba. Avistamos suas ilhas, as praias e a enseada, sendo este um ponto de parada obrigatória para fotos e filmagens. Depois no alto de uma subida, antes de uma curva à direita, temos a entrada do condomínio da Praia do Pulso e ao lado o Castelo dos Arautos.

Praia da Caçandoca

Percorrendo os 4,5 Km de muitas curvas, buracos, pedras e erosões na pista, ao final da “estradinha”, o visitante depara-se com a beleza do entorno da Praia da Caçandoca, com suas areias brancas, jundus em sua orla e árvores centenárias. Convém mencionar que os visitantes motorizados, terão de pagar uma taxa próximo ao final da estrada. Estamos em terras quilombolas e eles conquistaram o direito desta cobrança (que no início de 2024 era de R$ 5,00 – motos / R$ 20,00 carro e R$ 50,00 van).

Caçandoca
Praia da Caçandoca e a Serra do Mar ao fundo – Destaque para o Pico do Corcovado

A infraestrutura local da Caçandoca conta com alguns quiosques, e o visual impressiona, pois é um paraíso quase intocado, sem construções.

A Andada dos Guaiamum
Outra atração da Praia da Caçandoca é a Andada ou Festa do Guaiamum. A desova destes crustáceos azulados é um fenômeno natural e ocorre de abril a maio na lua nova ou na lua cheia. É impressionante a quantidade de “caranguejinhos fêmeas” desfilando pela orla da praia. Os Guaiamum estão ameaçados de extinção, pois hoje temos estrada em meio ao mangue, antes a água salobra inundava as áreas e não tinha necessidade das guaiamum se colocarem em risco para despertar os novos indivíduos, bebês Guaiamum.

Existe um encantamento nessa data de abril a maio, são atraídas pela Lua, então quando o Sol se põe, a luz muda, um laranja bonito surge, até que a Lua aparece, e começamos a ouvir a movimentação, as vezes elas se perdem nos quiosques, são atropeladas por carros e motos… por isso precisamos estar lá. Para não interferirem em nada, tudo em absoluto silêncio, apenas visando a segurança delas. Se necessário for, podemos pedir a motoristas para não passarem pelas áreas, se for moradores, sinalizamos e ajudamos que cheguem aos seus objetivos sem atropelamentos, apontamos as direções, se tiver Guaiamum na frente, tem que esperar elas passarem, e por aí vai…Também pedimos para não ficar usando flash um atrás do outro, que sejamos menos intrusos possível, e mais parte do Manguezal.

(*) Somente para lembrar, o guaiamum é o mascote do Curiosidades de Ubatuba apelidado de “Batubinha” pelos próprios seguidores.

Caçandoca
Canto direito da Praia da Caçandoca

Do seu canto esquerdo, parte uma trilha rápida que leva até a Praia do Pulso e no canto direito, um pequeno riacho marca o início de uma outra trilha histórica, que após subir uma formação rochosa leva até a Praia da Caçandoquinha.

Praia da Caçandoca – Imagem durante prova de corrida do Desafio 28 Praias

A sequência do percurso, dá acesso a beleza selvagem das Praias da Raposa, do Saco das Bananas, do Frade ou Simão, da Lagoa, da Ponta Aguda, da Figueira e das Galhetas, percurso esse conhecido como Trilha do Saco das Bananas ou Trilha das 10 Praias.

Centro Comunitário Caçandoca
Centro Comunitário Flavio Firmino dos Santos – Praia da Caçandoca

A região da Caçandoca tem muita história, faz parte da área legalizada como pertencente aos quilombolas, remanescentes das comunidades da época do período de escravidão.

Casa de Artesanato - Caçandoca
Casa de Artesanato – Praia da Caçandoca

O Quilombo da Caçandoca conta com 890 hectares, dispõe de uma Casa de Artesanato e do Centro Comunitário Flavio Firmino dos Santos, e caso visite o local, não deixe de ouvir e aprender com moradores locais, um pouco mais sobre sua história.

Praia da Caçandoca
Canto esquerdo da Praia da Caçandoca

O Quilombo da Caçandoca
A escravidão dos negros no Brasil, durou mais de 300 anos e durante este período houve resistência, e os que fugiam formavam os mocambos ou quilombos como são mais conhecidos. O Quilombo da Caçandoca é o mais antigo do litoral norte e encontra-se num dos lugares mais belos do Brasil. A escravidão só teve fim no ano de 1888 (através da Lei Áurea), mas muito tempo antes os negros já lutavam por sua liberdade.

Caçandoca
Capela Nossa Senhora Aparecida – Praia da Caçandoca

Depois da fuga era preciso aprender a viver em comunidade na mata desconhecida, e enfrentar diversas expedições de recaptura e morte de negros.

Caçandoca - Vista Aérea
Praia da Caçandoca durante evento Desafio 28 Praias

A história dos remanescentes de quilombos, como o da antiga Fazenda Caçandoca, mostra que a luta foi árdua, mas foi vencida, e esta parte da história é passada de pai para filho, netos e bisnetos, mantendo acesa a memória da comunidade quilombola.

Praia da Caçandoca e Igreja
Praia da Caçandoca e Capela Nossa Senhora Aparecida

Curiosidades
A palavra “quilombo” tem origem africana, da língua banto (kilombo) e significa acampamento, fortaleza de difícil acesso, onde negros que resistiam à escravidão conviviam com brancos pobres e indígenas. O banto teve origem em países africanos como Angola, Congo, Gabão, Zaire e Moçambique.

Praia da Caçandoca – Vista do alto da trilha

A palavra “Caçandoca”, apesar de ser relacionada à casa devido ao sufixo “oca” (casa em tupi-guarani), significa “gabão de mato” numa referência ao país do centro-oeste africano Gabão. O que define um quilombo é o movimento de transição da condição de escravo para a de camponês livre. Suas duas principais características não foram o isolamento e a fuga e sim a resistência e a autonomia.

Praia da Caçandoca – Imagem de @caminhos.do.sup

Outra versão para a origem da palavra Caçandoca: corruptela. caiçá – cercado; ndoca – romper, quebrar b) do T.G. caá-açá-toca – a toca da encruzilhada.

Dona Maria da Caçandoca – Personalidade de Ubatuba
Maria Gabriel do Prado, mais conhecida como Dona Maria da Caçandoca, é uma ilustre representante das comunidades caiçara e quilombola de Ubatuba, guardiã das tradições e costumes dos nossos ancestrais. Líder da comunidade da Caçandoca e mestre quilombola.

Curiosidades de Ubatuba com “tia” Vicentina e dona Maria

No início da década de 1940 com apenas 8 anos de idade, dona Maria carregou pedra e ajudou a construir a capela local: Nossa Senhora de Aparecida.

Fonte de informações
https://www.ubatuba.sp.gov.br/noticias/fundart-homenageia-dona-maria/